Tuesday, December 18, 2007

Um abraço a Hernâni Carvalho

Este homem interrompe os outros convidados de um programa televisivo, este homem é às vezes, mal-educado.Por vezes, usa uma linguagem que parece faltar ao respeito às instituições e fala como se mais ninguém soubesse das injustiças no país.Dirige-se aos ouvintes de uma forma simplista e fala de conceitos vagos como "liberdade" e de coisas que parece que não vale a pena perder tempo a procurar...ele aparece, fala e não foge...

Faltam homens assim em Portugal...

"Aqueles miúdos não dão votos

por Hernâni Carvalho

Os jovens internados nos centro educativos não são prioritários porque não dão votos.

Os centros educativos têm um nome sonante e é tudo. Não educam, não preparam, apenas adiam. Maioria das vezes, os jovens ali internados chegam à maioridade e são detidos.

Chegados aos 18 anos, saem das pautas dos miseráveis resultados do Instituto de Reinserção Social (IRS) e entram nas prisões.

Os centros deveriam educar, reinserir e preparar para a cidadania. É uma lenga lenga que está na Lei e que é usada em inúmeros, mas inúteis, seminários pagos pelo contribuinte, que ocorrem pomposamente pelo país. São seminários dados por e para funcionários públicos. Ocorrem em horário de expediente, são pagos por todos nós, mas têm resultados nulos.

Os menores que cometem crimes são julgados pelos tribunais de Família e Menores que, em função da gravidade do delito, da personalidade do jovem delinquente e do contexto em que o crime é praticado, decretam uma medida de internamento num centro educativo.

Por cada rapaz internado num centro educativo há dois funcionários. Isto nos números. Porque no terreno há ainda menos gente. O IRS terá funcionários suficientes, mas muito mal distribuidos. O escândalo é tal que ficaria muito mais barato interná-los em qualquer colégio europeu de primeira categoria.
É só fazer contas. Cada jovem internado custa em média 6000 euros ao Estado Português. Se fosse internado em Eaton (um dos mais caros e elegantes colégios britânicos) custaria 4000 euros e saía de lá a tocar piano, a falar francês, a saber esgrima e a andar a cavalo. Os nossos saem dos centros educativos para as prisões.
Custa mas é verdade! Há excepções. Claro. Mal de nós. Mas a regra é esta. É só consultar os números. Porque é que isto não muda?

Porque os jovens internados nos centro educativos não são prioritários. Não têm visibilidade, a maioria deles são de origem humilde, blá blá blá... Diga-se o que se disser, a verdade é outra:
Aqueles miúdos não dão votos!"

Vejam aqui outro texto de Hernâni Carvalho

Wednesday, December 12, 2007

Unidos na perdição...

Pensando mais um pouco sobre como Portugal consegue passar de potência mundial para um cagalhoto retrógado com medo de republicanos descontrolados, passando ainda por um séc XIX onde "alguém" deixou o país à mercê de franceses que vieram dizimá-lo e saqueá-lo(ainda por cima, deixaram descendência-isto é o que dói mais...), obrigando o país inteiro a reunir tudo o que tinha para os expulsar e, como se isto somado ao terramoto não bastasse, ainda passar por uma disputa de poder que ia deixando o país feito em cacos.Depois desta ainda nos pusémos com ideias anti-clericais e de seguida, republicanas à mistura com imperialistas, entretanto, uma guerrazinha mundial como pretexto...

Em suma, sempre à porrada até ao golpe de estado de 1926 que até 1934 se tratou de "limpar" outros milhares de vidas de revolucionários, anarquistas e sindicalistas....e cá estamos, bem ao estilo português...como sair, agora, de 40 anos de estagnação e pausa nas guerras e na instabilidade(pausa essa obtida através de medo e hipocrisia governamental)?

Mais um golpe de estado!!Que é para baralhar o esquema ainda mais...

Não gostamos de didatura pois não?Então siga mudar tudo!!!
Sorte tiveram os espanhóis que, como é habitual, seguiram os nosso passos e tomaram decisões baseados nas nossas iniciativas.Portanto, viram a !"#$% que isto deu e decidiram ser mais prudentes na renovação da constituição e na instauração do novo regime...

Nos últimos 200 anos não tivemos um político que realmente resolvesse uma situação...os espanhóis tiveram o Juan Carlos...bastou.

Tivémos o Marquês de Pombal, o qual não necessita de nenhuma lista de méritos.D.Maria( que era louca e tinha pesadelos com távoras queimados) destituiu-o e com isto terminou a nossa era.Temos o início da nossa "viradeira"...
Hoje, continuamos a viver num país onde o talento jorra por todos os cantos, potencialidades anunciam-se, nomes revelam-se no estrangeiro, valor...confirma-se...no entanto não mudámos ainda o facto de sermos um país que ganhou a tradição de fazer mal a si próprio.Porque quando falo nestes tais últimos duzentos anos, que se iniciam com as invasões francesas, não devemos esquecer que foi um português, o filho da maluca, D.João VI(uma regência-emenda quase pior que um reinado-soneto), que deixou este país ao deus-dará...depois coube ao povo ficar rancoroso com a anterior debandada da família real e o seu comportamento no Brasil.Surgem miguelistas pelo povo adentro...Porque foi aquele parvo do D.Pedro tirar-nos o Brasil?-deviam pensar-e esses burgueses do Porto, sempre com francesices, já não nos chega expulsar os franceses daqui, agora querem uma constituição liberal...querem é que o Estado não lhes lixe os negócios...

E vamos então ao confronto:

Um(D.Miguel) assumia-se conservador e absolutista e outro fazia-se liberalista e libertador da tirania(D.Pedro) .Um fazia-se vingador do povo ferido e outro impressionava os burgueses, os intelectuais e os estrangeiros.Um mandava uma constituição justa e democratizante pela sanita abaixo e outro invadia Portugal para o tornar palco de sangria durante 6 anos.
Na minha opinião...ambos déspotas de primeira apanha...

Fomos nós que fizémos isto a nós próprios.É a nós todos que nos devemos culpar e a nós que nos devemos entender.

Nós, este povo com pavor da autoridade, individualista e ao mesmo tempo universal.Que cria ideias, jorra iniciativas e depois não desfruta delas ou não as leva até ao fim.Porque aparece sempre mais um que tem outra opinião e a democracia transforma-se numa competição de talentos potenciais de todos os tipos, excepto aqueles que interessam ao conjunto de pessoas que da acção social e política dependem...Porquê?Porquê este aparente masoquismo?

Num país tão pequeno...tanta divergência quando é preciso avançar.Mas ao mesmo tempo, tanta concordância quando alguém propõe parar ou adiar?

A forma como as elites e o jet-set se venderam e "nos" venderam ao estrangeiro.A forma como aceitaram influências culturais do estrangeiro, a forma como a iliteracia se manteve-E como ela poderia explicar tão bem tudo isto que se passou...mas isso não basta, continuo:

Porquê?

Talvez, numa visão mais sádica, não se tenha morto gente suficiente ao longo destes dois séculos.Talvez com uma guerra como a querra civil americana ficássemos tão traumatizados que só parávamos de trabalhar quando isto atinasse...
Ou então, se calhar, o povo português, devido ao facto acima mencionado, o de ser anti-autoridade, simplesmente acaba por também não ser um povo muito solidário e cooperativo no que toca a iniciativas políticas.No meio de toda a sua generosidade criativa o português é também egoísta, egocêntrico e concentrado em olhar para o seu umbigo e para o seu futuro frustrado em vez de querer ter um plano geral do país.Dentro de toda a tradição que vale a pena manter, há partes que seria bom tentar destruir ou perder o orgulho em possuir, que é o exemplo desta xico-espertice, que afecta os portugueses em geral, de pensar na política em termos de "a mim é que eles não me enganam" e procurar uma união para além da futebolística.Será muito reaccionário propor que se pense neste país em vez de em si próprio, de vez em quando?

Eu não peço sequer um crescimento económico que nos ponha no topo da UE.Eu não peço um nível de vida acima da média da UE.Não peço sequer nada ao governo.Apenas peço que deixemos de ser este povo desligado.Não é preciso que se cante o hino nacional em cada esquina.É preciso apenas que voltemos a ser um País.

Monday, November 5, 2007

Viagem pelo reino dos objectivos

Porque me questiono sobre a felicidade?...

O problema começa com o facto de se supor que a vida precisa de ter um sentido.Esta suposta necessidade é uma arma poderosíssima para quem precisa de atenção de outros no seio da sociedade...
"Venham, venham, eu tenho a solução para obtermos a felicidade, esse objectivo que se arranjou pra nos mantermos ocupados e orientados.Essa motivação que nos faz sentir seguros de que existem caminhos certos e errados, escolhas certas e erradas.E que devemos pensar nelas."Pobres coitados, esses que se dedicam a "preocupar" com a felicidade dos outros.Ainda não se aperceberam(ou talvez percebam...) que estão a fugir da mesma questão de que julgam tratar, superficial e protocoladamente...
Se começassem a pensar nessa mesma questão-a felicidade, a satisfação, a realização-eles próprios seriam atingidos pela infinidade de respostas possíveis que, pela sua vastidão, os deixaria perdidos...perdidos, mas conscientes, conscientes de que afinal, não existem tão claramente esses caminhos e respostas certas.Que como, o postador anterior disse e bem, a felicidade de uns pode ser a miséria de outros.Montaigne acompanha-o nessa ideia: "o lucro de um é o prejuízo de outro"
A ideia de uma sociedade solidária no meio de um mercado livre e competitivo é encantadora, mas óbviamente, um absurdo.Daí, que ainda faça algum sentido haver uma distinção clara entre a esquerda e a direita políticas, embora eu esteja a ficar com saudades de ouvir essa coisa:a esquerda(ou então, sou eu que ando surdo).

Em suma, andamos ás turras, aos encontrões em busca de respostas para o correcto, o certo, o ideal, aquilo que nos levará à satisfação, à felicidade.
Mas como também Montaigne dizia:"sei do que fujo, mas não sei o que procuro"-também a busca da felicidade é mais uma fuga do que uma perseguição-o que nós queremos é não ser infelizes...não deixa de ser nobre esse objectivo...mas no entanto e a meu ver, um pouco medíocre...

Será que se arranja algo melhor?Talvez.

Parecemos estar condenados a viver amarrados à necessidade de sentido.Olhamos à nossa volta, aprendemos o que é normal e sabido:comer, dormir e eventualmente morrer, mas esperamos encontrar algo mais(se calhar, nem todos), buscamos referências, buscamos lógica, coerência, buscamos segurança...encontramos palavras...Felicidade...

Ninguém sabe o significado, ao certo.O dicionário talvez também não ajude.Mas é essa, a armadilha e a salvação, simultaneamente.A existência de um sentido sem sentido.Uma solução sem aplicação.Um conceito aberto ou mais negativamente falando, vazio.Uma palavra que nos faz pensar em tudo menos no que ela significa.Pois como nada significa, tudo pode significar.Por isso, fugimos de onde ela parece não estar, achando que existe um sítio onde ela estará.Nessa movimentação esquecemo-nos, talvez, de procurar o que temos, o que nos deixaria parados.
Mas parados não podemos ficar...

Que solução?

Fazer da felicidade uma arte e uma criação nossa.Que não depende de uns serem mais ou menos que outros.Fazer da felicidade algo que não é mensurável.Algo deliberadamente sem sentido e sem significado.Se assim for, quem me pode encurralar nas malhas da dialética, da moral e das leis?

Esquecer a fuga defensiva do todo e abraçar a busca agressiva do nada.Inverter a vítima, inverter o culpado.Sermos nós os predadores(sonhadores) da felicidade e não, as presas(realistas e defensivas) do seu inverso.Pois defendermo-nos apenas nos promete não sermos infelizes, mas não nos promete a felicidade.

Busquemos a vontade...

Querer algo que não existe...implica, pelo menos, querer algo...

Tuesday, October 9, 2007

A Felicidade de Uns

Existe algo dentro de todos nós que nos dita, desde crianças, aquilo que é "belo", que é "justo", que é "emocionante". Eu poderia chamar-lhe alma, mas irei chamar-lhe "coração".

Na Constituição dos EUA, existe uma emenda que deu origem a uma resolução por parte do Supremo Tribunal de Justiça, que determinava aos cidadãos americanos o "direito á procura da felicidade". Penso que este e outros princípios da democracia tocam nos nossos "corações" e nos enternecem pela sua "justiça". Nós sentimos que é justo vivermos numa sociedade em que temos o direito a ser felizes.

Surge neste momento, na minha opinião um conjunto de pessoas, e personalidades pública e políticas que advoga mais com o coração do que com a cabeça. Escolhendo os temas e pontos de vista em que acredita, sentindo e não pensando. Ou pior, escolhe os pontos de vista que sabe que nos tocam nos nossos "corações" de forma a ter um maior sucesso junto de nós.

Temos de ter em conta algo que comecei a dizer no título mas não acabei:

A felicidade de uns é a miséria de outros.

A verdade é que na Constituição Americana não diz, que os seus cidadão têm o direito á felicidade. Diz que têm o direito a persegui-la. Pois na realidade não existe o conceito de felicidade absoluta num estado livre.

Aqui reside o problema: a felicidade absoluta é atingível apenas quando se define aquilo que é felicidade. Criando uma norma, chamada "felicidade". E assim poder-se-ía dar o direito dessa "felicidade" ás pessoas. Mas desta forma não somos nós que definimos a "felicidade", é a norma. E assim, o estado pode até ser um estado de direitos, mas não é um estado livre. Pois não somos livres de fazer tudo excepto aquilo que interfere com os direitos dos outros, mas sim de fazer tudo aquilo que está dentro dos nossos direitos. Que são previamente definidos.
A minha felicidade, se definida por mim, pode até ser a infelicidade de alguem. Assim demonstro o teorema acima enunciado. A felicidade absoluta não existe num estado que é livre.

Este problema é apenas uma aceitação da realidade que é impossível todos nos darmos bem, e sermos felizes simultânemente, num estado livre, onde os choques das nossas liberdades são inevitáveis. Mesmo que aceitar isto quebre os nossos "corações".

Portanto o argumentar com o coração, só em relação a sermos livres. Esse é o meu axioma. Livres excepto quando interferimos com as liberdades dos outros. Livre de me matar, de cometer todos os erros que se consigam imaginar, dado serem erros para todos, menos para mim...

Só assim seremos livres, e o meu coração, apesar de não estar inteiro, está melhor do que se estivesse acorrentado.

Saturday, September 1, 2007

Adeus, atracção fatal?

Sempre me impressionaram imenso as mulheres que permanecem femininas, mesmo que as ponham a jogar futebol, a lançar dardos ou a domar ursos, provando assim que a identidade sexual é mais profunda que a identidade social ou profissional.É como se uma força reprodutiva se manifestasse nelas.Como se a natureza delas não as largasse, o que quer que acontecesse.Como se no seu inconsciente, lutassem pela sobrevivência da humanidade, sem dar alarido disso.E tentassem conservar a certeza de que estão disponíveis para a função reprodutiva.

Assim como também devo demonstrar respeito pelos homens que aceitaram ser educadores de infância, cabeleireiros ou que mais se atribua ás mulheres , sem contudo deixarem de ser masculinos.Sem dar descrédito aos excluídos destes conjuntos, interessa-me agora falar sobre os que referi.

Para já, o que quero eu dizer com Feminino ou Masculino?Não faço a mínima ideia.Os critérios em que me baseio para fazer esta distinção não são biológicos, nem sociais nem psicológicos.São apenas empíricos.Não chamo a uma mulher masculina, se ela for comando.Chamo-lhe masculina, se a vir e depois de tal, ela me parecer ter uma postura masculina.Análogamente, o mesmo acontece com as que exercerem profissões "tipicamente femininas", cujas não considero necessáriamente femininas, só por isso.

Veio-me este assunto à baila, por ter verificado que os vários tipos de reprodução alternativos já estão muito mais generalizados do que eu imaginava.Assim como as correntes de pensamento que dizem que o sexo deve estar separado da sua componente reprodutiva e assim interpretado independentemente dessa função.É óbvio que os cientistas que defendem esta visão não dizem que a necessidade sexual está primariamente desligada da reprodução.Dizem antes, que uma vez que temos inúmeros recursos à nossa disposição para nos facilitarem a vida, deveríamos aproveitar para, com ajuda de comprimidos, fertilizações in-vitro e clonagem, controlar de tal modo a nossa vida, que daqui a alguns anos não precisaríamos de nos preocupar com a reprodução da nossa espécie, podendo ter sexo, completamente despreocupados e talvez até reduzindo o risco de doenças e bebés infectados.As mulheres não precisariam de engravidar nem os homens de ter espermatozóides férteis.

Como se sabe, nas civilizações mais abastadas, tanto os homens como as mulheres estão cada vez mais inférteis.Uma possível explicação que arranjo é a redução da resposta da glândula da hipófise à necessidade de produção de hormonas masculinas e femininas, devido às condições de conforto muito superiores às vividas nos séculos passados, dando a impressão ao cérebro de uma necessidade de procriação reduzida, pois os riscos de morte são menores e a esperança média de vida maior.

Existe até um cientista italiano que diz que a humanidade tende a tornar-se bissexual, devido a essa separação entre a actividade sexual e reprodução, fazendo-nos isso, caminhar para uma igual probabilidade de escolher um parceiro do mesmo sexo ou do oposto.

Será que aquela atracção que mais de noventa por cento da humanidade sentia, potenciada pelas feromonas largadas pelo sexo oposto, está a caminhar para o seu fim?

Tenho dúvidas.É por isso que falo dessas mulheres que emanam feminilidade ou homens que não perdem a sua masculinidade.Mesmo que não seja a via mais eficaz para a nossa sobrevivência, vai ser preciso mais do que estudos de probabilidades e métodos de reprodução mais saudáveis, para deitar por terra milhões de anos de histórias representadas no teatro do cortejamento.

Sunday, July 8, 2007

Mediocridade e Poder

Na calha do pensamento expresso no post anterior:



É absurdo o facto de muita gente depositar esperança em políticos.Como se estivesse nas mãos deles a felicidade de cada um de nós.No fundo está-se a depositar esperança em quem se dedicou mais tempo a conquistar poder e estatuto.Na maior das probabilidades, são pessoas que, em vez de se desenvolverem em áreas de conhecimento específicas, ganhando depois a consciência da sua possibilidade de contribuir para trabalho estatal, passaram logo para a disputa de poder oligárquico ou para uma área que nitidamente lhes coloca perto das questões políticas (como seja, curso de direito, jornalismo, relações internacionais, etc) e com experiência e paciência suficientes para discutir com o intuito de levar a melhor, independentemente da validade e qualidade dos seus argumentos.
Tudo isto são características que não interessam a quem está dependente das decisões das pessoas que as possuem( a essas características) mas interessa ter a quem se move nesses meios(do poder político).

Parecem existir dois discursos paralelos na democracia.Um cidadão despudorado manifesta a sua reivindicação de uma vida melhor à classe política e a classe política reivindica a atenção dos cidadãos para com os seus discursos inúteis e sem conteúdo concrecto, que têm a função de obter uma determinada impressão e reacção por parte do público.Mas a única consequência inevitável desses discursos é o início de opiniões e bitaites por parte desse público que, como não lhe é dada quase nenhuma informação inequívoca, usa tudo aquilo que tem para construir pontos de vista que são trocados até ao infinito e que cada vez mais contribuem para que ninguém esteja realmente informado sobre o que se passa e quem é, de facto, o político que defende a melhor medida.

Isto deve-se, também,ao facto de o discurso político não ser um discurso informativo, mas um discurso publicitário.Onde, acidentalmente, aparecem algumas informações soltas, mas que correm o risco de se tornarem obstáculos ao objectivo do orador.Porque, para alguém que precisa de ter razão, independemente da realidade dos factos, essa realidade é um obstáculo ou pelo menos um fardo.O discurso de alguém com esta postura equivale ao de um advogado contratado por si próprio onde o juíz não existe, não sabe as regras ou não tem autoridade.O único limite do discurso político é o tempo(e às vezes nem esse).O tempo de antena de certos políticos já foi causa de catástrofes ao longo da História.

Uma forma de contribuir para esta tendência é a existência de juventudes partidárias que servem para "encarreirar os putos" que para lá aparecem e se dedicam a conhecer os "meandros da política", a arranjar contactos e popularidade.A construir um estatuto abstracto e sem fundamentos que não sejam a experiência de rodagem em comissões e reuniões.É só quererem e será uma questão de tempo até muita gente os conhecer, uma vez que não conseguem estar calados e os partidos os incentivam a ter essa auto-confiança interminável no que dizem.
Isto constitui o ensaio geral para quando tiverem cargos de poder que conseguem alcançar devido aos primeiros "contactos".O país está sempre dependente da boa-vontade e critério desses contactos.Dessa escolinha de contactos e politiquinhos.
Mas estas escolinhas ensinam muita coisa, isso não se pode negar.Ensinam a "lábia", a rapidez de vocalização inócua e respostas imediatas a perguntas inesperadas.A capacidade de falar mais, de ter a última palavra, de vencer no campeonato das palavras.De não se deixar por vencido.De ter o seu ego como combustível.De se auto-despersonalizar, de deixar de ser uma pessoa em detrimento das suas funções e objectivos.De se mediocrizar.

A necessidade de poder advém , quanto a mim, da falta de algo, de insegurança pessoal.É a necessidade de uma compensação narcísica (repare-se que é raro a beleza ser uma característica de um político.E quando é, a arrogância é interminável).Parece-me que a busca de poder é, na verdade, a sensação da falta dele.

Quererei eu dizer com isto que todos os políticos tiveram como principal impulso esta auto-satisfação, mesmo que mais tarde não se tenham tornado interesseiros?Não.
Quererei dizer que se devia descredibilizar o conceito de poder?Também não.

A minhas setas vão apenas na direcção daqueles que lidam com o conceito de poder como se de um valor absoluto se tratasse.Àqueles que se dedicaram a avançar para os terrenos do poder e decisão sobre outros sem terem qualquer preocupação com o que fazer com isso. Àqueles que transportam ideologias que não passam de pretextos.Àqueles que não se preocuparam em saber o que queriam fazer da vida, desde que resultasse em poder.Que não se importam de ser medíocres.Que se desperdiçam a si próprios por algo que, isoladamente, não tem qualquer valor ou significado, o poder.

Porque, infelizmente, o que acaba por acontecer é que, em geral, quem se dedica(genuinamente) a melhor pensar e compreender o mundo e contribuir para o conhecimento(físicos, químicos, biólogos, investigadores, filósofos, etc) esquece-se dessa busca de poder e informação detalhada dos mecanismos políticos.E quem os conhece melhor(a esses mecanismos) foi quem apenas a isso se dedicou a sério, tendo, quanto ao resto do mundo, desenvolvido uma visão superficial.
Estamos presos a este ciclo de falta de rigor técnico dos eleitores e falta de raciocínio e conteúdo nos políticos.Nem os cidadãos sabem fazer perguntas nem os políticos sabem dar respostas.

O teatro político tende a tornar-se numa manta de palavras que cobre os factos que continuam a passar-se na mesma e que nem os políticos nem os restantes cidadãos conseguem alterar.A não ser, no que toca a uma certa intuição na hora das eleições e no que toca à procura do "timing" por parte dos políticos.Tanto o aborto, como o aeroporto ou a reforma das universidades são questões que se resumem em quanto tempo se consegue adiar um acontecimento neste país.Tudo se resume a uma gerência de ideias já tidas.Tudo se resume a gerência de poder.

Importar-me-ia eu de ter poder?Claro que não!Todos os dias busco o poder sobre mim mesmo e sobre o meu futuro e tento descobrir, com risco de falhar, onde estou a ser dominado e tento, também, combater esse facto.Claro que busco esse conceito.
Importar-me-ia eu de ter poder sobre outros, por princípio?Também não.À partida, não posso saber se seria bom ou mau nesse papel.

A questão é se recusaria buscar um papel de poder, sem antes querer saber qual a sua aplicação-Isso sim, recusaria.

Baseado nas palavras de Francis Bacon:"Knowledge is Power"

O poder não leva ao conhecimento mas o conhecimento pode levar ao poder.

CONHECIMENTO ANTES DO PODER.

Vejam aqui um estudo psicanalista sobre este tema

Friday, July 6, 2007

O circo chegou a Lisboa

Vem aí o circo.Há cartazes.Há palhaços.Há malabaristas.Há trocas de galhardetes.Há diversão.Há tempo e dinheiro perdido.Há espectáculo!!!

Ia a passar na calçada de carrixe e comecei a ver a quantidade de cartazes respectivos às autárquicas e parecia que estava no meio de uma revista de bd em que os bonecos se insultavam todos uns aos outros.Parecia que cada cartaz que eu lia, já estava a responder ao insulto do cartaz anterior(sim, eu li alguns, processem-me).
O melhor, se calhar, é juntarmo-nos à festa, como fazem os do Gato Fedorento e não desperdiçarmos a oportunidade que este país nos dá de nos divertirmos, que isto, o mal, é levarmos a vida a sério...

Mesmo assim gostava de partilhar este pensamento:

Síndrome da responsabilidade política:Quem são as únicas pessoas que não precisam de saber fazer nada pelo país?As que mandam fazer.

E uma curiosidade:

Etimológicamente, as palavras "eleição" e "inteligência" têm raízes parecidas, uma vez que "eleição" quer dizer "escolha" e inteligência diz respeito á capacidade de "escolher" entre várias opções.Curioso...

Wednesday, July 4, 2007

Aconteceu na América

Pedido de admissão

Este é um pedido de admissão verídico, submetido por um
rapaz de 17 anos a um restaurante da cadeia McDonalds
nos Estados Unidos. O candidato foi aceite devido à sua
originalidade, honestidade e bom humor…
Nome: Greg Bulmash
Sexo: Ainda não. Continuo à espera da pessoa certa!
Posição desejada: Presidente. Caso esteja preenchida,
poderá ser a que estiver disponível.
Salário desejado: O mesmo de Micheal Ovitz (o gestor
mais bem pago do mundo. Caso não esteja em condições de
pagar o montante desejado, agradeço que façam uma
proposta irrecusável.
Educação: Muita (pelo menos a minha Mãe esforçou-se).
Ultimo Emprego: Alvo da hostilidade de um gestor
intermédio.
Ultimo Salário: Muito menos do que aquele que eu
merecia.
Feitos Notáveis: Desvio de canetas e de blocos post-it.
Razões pelas quais saiu: Estava farto.
Horário Pretendido: De preferência das 13 às 15h, às 2as
4 as e 5 as.
Tem competências especiais?: Sim, mas são mais indicadas
para ambientes mais íntimos.
Podemos contactar a sua actual Entidade Patronal?: Se a
tivesse estaria a preencher este bendito formulário?
Tem automóvel? Que funcione, não.
Recebeu algum prémio ou distinção?: Só se ganhar a do
candidato mais original da McDonalds.
Fuma? Só nos intervalos e às escondidas!
O gostaria de fazer nos próximos 5 anos?: Viver nas
Bahamas com uma top-model
Jura que todas as suas declarações correspondem à
verdade? Absolutamente.
Assinatura (Sign): Carneiro

Wednesday, June 27, 2007

Experiment Freedom...with cars re-sell prices..

Experiência reservada a mulheres ou O desprezo pelas máquinas-não sei qual o título mais adequado

Tuesday, June 26, 2007

Porquê o alargamento da discussão pública do novo RJIES?

"Dia 22 de Junho juntei os meus apetrechos, e parti em expedição em direcção à Reitoria da Universidade do Porto, para atender a este convite irrecusável da discussão pública da Proposta do RJIES. Para grande espanto meu - resultado de vivências atávicas - à hora marcada, o Senhor Ministro já se encontrava ns "Sala dos Capelos lá do Norte", rodeado de bastante audiência - aí umas 350 pessoas - a maioria seria constituída por docentes de diversas instituições públicas e privadas, que me pareceram mais de pé atrás e curiosos sobre como ele se sairia, do que interessados em questões de ensino superior, e também largas dezenas de alunos.
O senhor Ministro, durante mais de 3/4 de hora, relatou, com bastante fulgor e pormenor, todas as SUAS (dele) peripécias, suadelas e diligências, que culminaram nessa proposta do RJIES, descrevendo com bastante precisão, a fundamentação da proposta organizacional do Conselho Geral mas, sobretudo, as vantagens competitivas da gestão tais fundações "públicas de direito privado" [1] - estas com base processual de gestão financeira, no código civil e código fiscal, e permitindo circulação dinheiros (inclusivé os de origem pública) sem concorrerem para o agravamento do déficit público, quando comparadas com a gestão legalmente possível de instituições públicas - que obedecem ao código de procedimento administrativo e cumprindo demais regras correspondentes; nestas, o seu financiamento público "conta para o deficit...". Eu entendi que subjacente à instituição de "fundações de gestão facilitada", estaria a necessidade das universidades terem maioria orçamentária proveniente de verbas privativas - isto é, seria privilégio de instituições mais afortundas.
Depois da sua longuíssima introdução, seguiram-se imediatamente inscrições de duas ou três pessoas, cuja sequência de exposição de questões foi logo interrompida no fim da primeira intervenção, pelo próprio ministro, para dar a palavra ao Senhor Professor Universitário Vital Moreira, na sua qualidade de "Técnico" - penso que este foi O Conselheiro Jurídico do documento RJIES produzido, sobretudo, no trecho pertinente às fundações "publicas de direito privado". Este Senhor ocupou mais outra meia hora, para repetir, obsessiva e entusiasticamente a mesma coisa, que o ministro, só que com muito menos precisão e brilho.
Depois arengaram umas 30 pessoas, na sua maioria a dizer que seria necessário muito mais tempo, para a IES poderem redigir os estatutos, em desacordo com aquela ideia lunimnosa das fundações - se o financiamento público dessas fundações não conta para o defcit nacional, parece ser de facto uma excelente ideia, para a instituição de um saco azul de corda folgada, por isso sinceramente não percebo a posição das universidades - esta maravilha está prevista só para elas.
Os alunos, dominantemente, reivindicaram a importância de manutenção da sua representatividade e contributo para a estratégia das escolas no Conselho Geral.
O senhor Ministro respondeu à grande maioria das perguntas, reparos e sugestões menos áquelas que verdadeiramente o incomodavam e que a mim me levou até lá, a saber:
Concretização da diferenciação das Instituições Politécnicas no Capítulo da Investigação;
Na necessidade de acautelar, já neste documento, com absoluta equidade de tratamento os alunos carenciados de um e de outro subsistema;
Na necessidade do Governo estabelecer, já neste documento, prazos concretos da sua intervenção como sistema regulador.
O Ministro classificou questões como estas, como sendo de pormenor, disponibilizando-se a si mesmo e ao seu gabinete, para as tratar posteriormente(...)"


Excerto de um post: "
SCOOP RJIES - um Nariz de cera" do blog: Outra Loiça

Um exemplo que serve para demonstrar porque agendou Mariano Gago, a discussão pública do novo RJIES para justamente, a época de exames em que os mais interessados em se informar e discutir estão sem tempo para tal discussão (professores e alunos) pois estão a estudar, a fazer ou a corrigir testes.

É já esta quinta-feira a votação na AR!

Thursday, June 21, 2007

Homenagem a Tolstoy

Não sendo eu cristão como era esta sumidade, tenho de reconhecer que vale sempre a pena ouvir o que ela diz:

"Os ricos farão de tudo pelos pobres, menos descer de suas costas."

"Quem nunca esteve na prisão não sabe como é o Estado".

"O homem que desempenha um papel nos acontecimentos históricos jamais lhes compreende o significado".

"A arte é um dos meios que unem os homens."

"Aceitar a dignidade de outra pessoa é axiomático. Não tem nada a ver com dominação, apoio, ou atos de caridade em relação aos outros."

"É no coração do homem que reside o princípio e o fim de todas as coisas."

"Governos precisam de exércitos para protegê-los de seus oprimidos e escravizados súditos."

"Em minha busca de respostas para a pergunta da vida, senti-me exatamente como um homem perdido em uma floresta."

"Em vão centenas de milhar de homens, amontoados num pequeno espaço, se esforçavam por disfigurar a terra em que viviam; em vão a cobriam de pedras para que nada pudesse germinar; em vão arrancavam as ervas tenras que pugnavam por irromper; em vão impregnavam o ar de fumaça de petróleo e de carvão; em vão escorraçavam os animais e os pássaros - porque até na cidade a Primavera era Primavera". Retirado do livro Ressurreição

"Quase todos os esforços humanos se dirigem não à diminuição da carga do trabalhador, mas a tornar mais agradável o ócio dos que já vivem em lazer."

"A tristeza pura e completa é tão impossível quanto a felicidade,pura e completa."

"Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar-se a sí mesmo."

"É mais fácil escrever dez volumes de princípios filosóficos que por em prática um só deles."

"As vezes acontece que se discute porque não se chega a comprender o que pretende demonstrar o nosso interlocutor."

"É mais fácil fazer leis do que governar"

"Não há situação a que um homem se não habitue, principalmente se todos os que o rodeiam vivem em iguais condições."

"O respeito foi inventado para esconder o lugar vazio onde deveria estar o amor"


"As mulheres são o principal obstáculo à actividade do homem. É difícil amar uma mulher e fazer qualquer coisa ao mesmo tempo."

"Todo aquele que tem uma vida complicada julga ver nessa complicação uma fatalidade que só a ele atinge."

"A energia tem por base o amor e o amor não se consegue à força."

"Qualquer pessoa é capaz de se conservar horas sentada de pernas encolhidas, sem mudar de posição, desde que esteja certa de que nada a impedirá de o fazer. Mas, sabendo que é uma imposição, terá cãibras e as pernas, trémulas, acabarão por se estender."

E a minha preferida:

"Antes de dar ao povo sacerdotes, soldados e maestros, sería oportuno saber se ele não está a morrer de fome."

Thursday, June 14, 2007

Egopata

Porque tem de ser assim?

Onde está o meu sono?
Onde está a minha tranquilidade?

Porque me acordaram?
Vivia eu na insconsciência?Ou na sabedoria completa?
Expulsaram-me daquele ventre...agora já não me lembro bem
Tiraram-me das trevas...quem vos pediu?

Pedi a alguém para nascer?
Alguém me perguntou alguma coisa?

Arrancaram-me do sono profundo
E agora procuro-o todos as noites
Quando, finalmente, se põe este Sol
Que me quiseram mostrar...Maldito seja!

Uma ou outra interrupção...ainda aguentava
Mas depois romperam-me o cordão
A minha raíz...foi-se
Desligaram-me
Acordaram-me
Nunca mais fui natureza
Nunca mais fui perfeição
Nunca mais vivi naquela caverna húmida
Onde alguém que eu não via
Me dava tudo o que eu precisava.....................................

....................................................................

Mas eu vingar-me-ei!
Irei lutar para provar que não me venceram
Com ódio, receberão o amor que me tiraram

Irão conhecer o monstro que despertou
E também a força que, outrora, o sufocou.

Tudo isto, para receber
O meu sono de volta.

Monday, June 11, 2007

Experiment Freedom...2

Os primeiros dois minutos são só para aquecer...

Tuesday, June 5, 2007

Just do it

Em relação ao Acordão do Supremo Tribunal de Justiça sobre uma atenuação de pena de um condenado por pedofilia:

"...não sendo certamente a mesma coisa praticar algum dos actos com uma criança de cinco, seis ou sete anos, ou com um jovem de 13 anos, que despertou já para a puberdade e que é capaz de erecção e de actos ligados à sexualidade que dependem da sua vontade."

Consideram a erecção um acto voluntário(todos os homens se lembram da primeira, foi mesmo de propósito...os sacanas...).E já que foi de propósito, já não há tanta responsabilização do abusador(como homem, sinto-me elogiado por considerarem que por o meu género ter um orgão fálico, isso me dá, desde tão cedo, poder e controlo absoluto e consciente sobre o meu sexo.As mulheres(que não são condenadas por ter prazer numa violação), vítimas do sexo(que duro golpe na emancipação) é que se calhar, estão á mercê desse falo.Então, os homens, de facto, mandam mesmo nisto...
Bom, e já agora deixem-no(ao condenado) sair mais cedo, coitado, que é para ver se ele apanha depressa, mais algum desses malandros preversos, capazes de erecção...(que, pelo que os juízes nem sabiam, inclui até mesmo bébés).
Que sorte, para o menor, que o caso já está encerrado, senão às tantas, ia ele preso.

"O arguido foi mantendo o seu comportamento sobre este menor, o que foi sendo propiciado pelo facto de o menor não contar a ninguém. (...) que se limitou a ‘ordenar’ ao ofendido que não contasse o que se passava entre eles."

Que caso tão raro esse do "não contar a ninguém".Nunca acontece...Este menor é, de facto, um inovador...merece tratamento especial...

Este caso, realmente, tocou-me.Acho que devia haver uma associação para a a defesa dos pedófilos, para eles não sofrerem abusos da justiça.Felizmente, que este foi salvo, a tempo, pelo SUPREMO(sim, supremo, engraçada esta palavra, não é?) Tribunal que lhe conseguiu reduzir a pena de 7 anos e 5 meses para 5 anos.

Já viram 7 anos e 5 meses?Que barbaridade!!!

E que fique a mensagem: se encontrarem um jovem "capaz de erecção", isso significa que ele já está para as curvas e se quiserem cometer algum crime de pedofilia com atenuante, têm sempre esta opção no mercado(ou na rua, ou na escola, ou em casa...).Se não fossem as lições da justiça portuguesa, não sei o que seria de nós...

Passando para um tom mais sério, parece-me que o problema não está em considerar que um abuso a um menor de 13 é diferente de um abuso a um de 6 ou 7 anos, pois isso é óbvio.O problema reside, a meu ver, nos argumentos usados e na demonstração da falta de tacto destes juízes para temas como "sexo", tema que infelizmente abrange uma parte muito importante dos casos de tribunal e até podia abranger mais, se a maioria dos casos fosse denunciado.Se estas "opiniões" tivessem sido dadas por um tribunalzeco da vila-dos-cata-percebes, já eram graves, mas feitas pelo mais alto orgão decisório da Justiça em Portugal já não são classificáveis.
Até no facto de se achar que pode ter havido consentimento por parte do menor, se deve atenuar a pena, não se percebendo que não é isso que faz do pedófilo menos perigoso e irresponsável.Quase que o facto de o menor poder ter tido esse consentimento desagrava uma vontade do condenado que, possivelmente, existiria de qualquer forma.Para que serve afinal o estatuto de menor?

O facto é que o comportamento sexual numa sociedade é das coisas mais importantes que nela existe(seja activo ou passivo).A naturalidade das pessoas na abordagem desse tema é fulcral.Mas trago comigo a suspeita de que cada vez mais se fala em sexo, mas cada vez menos se sabe o que é.Existe uma aparente libertinagem na arte e na cultura actual, em relação ao sexo, mas quando se chega à hora da verdade acontecem casos como o destes juízes que, no mínimo, foram influenciados por um desconforto escondido e defendendo-se com uma atitude arrogante perante um assunto que, pelos vistos, não dominam muito bem.

A minha hipótese é que, embora, muitos homens actualmente, sintam a necessidade de exibir uma atitude de macho latino desprendido, eu por outro lado considero que é a falta de afectividade no sexo que leva as pessoas a fazerem-no sem saber o que estão a fazer, pois uma relação com alguém sem querer saber desse alguém, mais não é que uma "masturbação".Esta atitude leva as pessoas a lidar com uma relação sexual como se fosse algo de estranho.E tanto aqueles que copulam como se fizessem exercício físico, quase olhando para o sexo como algo desligado do resto da vida, ou aqueles que o fazem como se de um favor se tratasse, são ambos "anjinhos assexuados" pois ambos estão, no fundo, distantes do assunto e penso que isso faz deles, indivíduos perigosos.
E em certos casos, essa atitude de estranheza é escondida por detrás da banalização do assunto (banalização essa que pode levar as pessoas a recorrerem a aplicações alternativas da sua sexualidade - a moda do sado-maso, a necessidade de experimentar orientações sexuais diversas, etc - que considero serem sinais de tédio e/ou frustração sexual) e pode levar as pessoas a tratar os parceiros como objectos(pois se o sexo é estranho, então a outra pessoa, enquanto parceira sexual, também o é), já não tendo importância se estes são menores ou outra coisa qualquer pois, afinal de contas, são apenas objectos.

Thursday, May 31, 2007

Greve sem efeito

O meu objectivo para hoje, era escrever um post sobre a greve de 30 de maio, mas perante o post que encontrei no blog suburbano:"Eu não fiz Greve", concluí que era melhor fazer este link, pois o post está mais bem expresso do que aquilo que eu escreveria e além disso, subscrevo-o quase totalmente.

Wednesday, May 23, 2007

Entre Neo-Nazis e Enfermeiras-parte 2

Falemos então agora, de mulheres:

Analisando o que se sabe sobre o cérebro das mulheres, parece-me viável dizer que tal está estruturado de forma mais realista, pois utiliza mais vezes os dois hemisférios em simultâneo para realizar tarefas do que o homem.Isto traz-lhe vantagens no que diz respeito à harmonia com a natureza, pois nesta os objectos não estão já limitados de acordo com os nossos conceitos.Tudo está ligado de alguma forma.Daí a aversão geral das mulheres aos raciocínios absolutistas e limitadores da realidade.

O facto é que nem sempre interessa harmonizar ao máximo com a natureza.Ao longo da construção de uma sociedade surge sempre a necessidade de fazer evoluir conceitos como segregação, separação, regras, limites, sistemas e outros que vizam apenas organizar e gerir a realidade e não, vê-la tal como ela é.Não vizam ser como a natureza.Vizam AGIR NA NATUREZA.Vizam tomar decisões, mais do que realistas, funcionais.Função, esta é a palavra chave.Os homens avaliam o valor de algo pela sua função e versatilidade.As mulheres não precisam que algo sirva para alguma coisa para lhe darem valor, daí que acham que toda a gente merece amor e consideração.Até os criminosos e os imbecis precisam de atenção.Tudo conta.Tudo é importante.

Por muito que me custe admitir, esta atitude faz mais sentido do que a dos homens utilitaristas, pois na verdade, a vida não tem que ter uma função, as pessoas não têm que ter uma função nem de ser julgadas por isso.A sociedade é que exige que tal aconteça para que se lhe possa pertencer e beneficiar da sua protecção.Protecção essa que é a única ideia que convence a Mulher a concordar que a sociedade se organize para lá das várias famílias.Para que todos se possam salvar.

Mas apesar disso, penso que se passa algo na sociedade dos dias de hoje que não contribui para revelar estas características na mulher.A necessidade de se afirmarem como substitutas dos homens, como se isso fosse bom e sem,ás vezes, pensarem se é isso que querem.

Observei isso num hospital, hà pouco tempo.No meio de todo aquele ambiente de portas e corredores em que me perdi, só me sentia bem quando, em vez de passar um médico arrogante ou um paciente numa maca, passava uma enfermeira sorridente e que quase me tentava "curar" com o olhar.Depois, na altura em que conversava com uma médica sobre o paciente, tentei fornecer alguns dados sobre ele, que pensei serem importantes.Mas numa atitude que não esperaria numa mulher,a médica virava a cara e fingia já saber tudo e não dava importância.O mesmo fez a segunda médica que analisou o mesmo paciente.
O facto é que o que eu disse sobre as possíveis razões sobre a causa do episódio que levou o paciente ao hospital confirmaram-se no dia seguinte por um médico particular.E se a dita médica tivesse usado os dois hemisférios como fazem as enfermeiras com que me deparei, teria dado mais atenção às pessoas envolvidas, ter-me-ia ouvido e teria evitado as 8 horas de exames e análises inconclusivos que o paciente teve que sofrer.

Estas duas médicas tentaram , na minha opinião, adoptar uma atitude mais distante, talvez para se sentirem pertencentes a um mundo que olham como masculino, mas numa representação infeliz não obtiveram nenhuma vantagem a partir dessa ideia.

Como sabemos, noutras ocasiões pode ser útil usar essa atitude distante como a que usei para analisar o que se passou na minha frente com intuito de chegar às conclusões que apresentei.A aproximação excessiva(que atribuo como desvantagem das mulheres) pode levar a misturar conceitos que embora realmente ligados não me ajudariam a pensar num contexto específico.

Acontece que o abuso do distanciamento pode levar a atitudes como a dos Nazis e como as dos agora emergentes, Neo-Nazis e nacionalistas. Tanta determinação e vontade poderia ser usada para coisas muito mais úteis do que tentar conquistar um lugar da assembleia para forçar a ostracização e promover o racismo.Espero que as mulheres não se juntem nestas inciativas de masculinização estúpida da sociedade, apenas para se poderem afirmar também.

O confronto de valores resultante das vontades dos homens e das mulheres deve-se manter sem nenhuma visão ter de prevalecer sobre a outra.Pois se os homens perdem os seus "defeitos", a sociedade perde a sua força e objectividade e se as mulheres perdem os seus, a sociedade perde a sua razão e encanto.

Entre Neo-Nazis e Enfermeiras-parte 1

Nos anos 30 do século passado subiu ao poder na Alemanha, Hitler, e com ele, todas as implicações politico-ideológicas mal-amanhadas à qual se foram unindo um número assustador de caucasianos.Havia um medo do comunismo, um desepero e uma desorientação tal, que muitos acreditavam ser necessária uma "renovação" das etnias existentes na Alemanha e possivelmente no resto do mundo.Havia esta suspeita já presente, que Hitler aproveitou para "encarneirar" o maior número de pessoas possível, criando o sonho de um mundo "limpo", "puro", "ariano"...
Como em qualquer proposta de ditadura, existia o objectivo de criar um estado de controlo máximo da movimentação das pessoas.É aqui que reside para mim, o início da questão e onde considero haver um dado interessante.A relação entre um estado controlador e a sua "virilização".
A razão porque no nazismo se propagava a violência nas ruas como forma de fazer política, nada mais era do que a melhor forma de prever e domar os acontecimentos, porque verdade seja dita, um estado "virilizado" é muito mais previsível e controlável do que um estado "efeminado" onde as motivações e os valores não seriam tão básicos e superficiais.
O próprio Hitler não deveria ser tão nazi quanto os seus seguidores, mas arranjou sem dúvida um discurso simples, eficaz e acima de tudo "viril" que por esta mesma última característica dava segurança a quem se assumia partidário desse discurso.Digo mais até:Hitler gostava de mulheres, coisa que não parece acontecer com a percentagem esmagadora de nazis(e mesmo Hitler aparenta ser duvidoso), para os quais o mundo deve ser masculino, militarista, espartanista, opressor, racista e nacionalista, não deixando espaço para outras características mais compassivas, conciliantes, cujas se podem considerar mais femininas.Um homem que recusa por completo características femininas numa sociedade é um homem que gosta de homens.Mas na minha opinião, Hitler fazia-o hipócritamente e por necessidade de controlo.O facto de se proibir a homossexualidade brutalmente, mais não pode ser do que um medo escondido que isso se pudesse alastrar num mundo virilizado, não o tornando tão previsível.
Surge a segunda parte da questão e o terceiro lado do triângulo.A relação entre virilização e anti-naturalidade.

Virilização---Previsibilidade---Contra-Natura


De facto, existe a tentação de prever ao máximo a realidade para poder controlá-la, e no caso dos homens que não estão tão ligados à terra e à vida, mas sim, aos seus objectivos, mais fácil se torna conceber um mundo onde, embora não se negue as tendências naturais, se nega a sua supremacia e simplesmente se procura a eficácia do sistema criado pelo ser humano.
É uma tentação muito forte aquela que um homem tem para pensar:" E se eu previsse isto tudo?E se eu já entendesse tudo?E se eu já controlasse todos os parâmetros da natureza e da sociedade?E se eu souber tudo?Eu podia ser Deus."

Esta tentação vai contra a natureza das coisas mas é uma boa forma de motivação para a vida, na minha opinião.Pois sabendo que não sou Deus, não preciso de me preocupar enquanto busco a perfeição, uma vez que esta busca será infinita.Mas por ser infinita, eu tenho de saber quando parar, quando me render, tenho de buscar a estabilidade de vez em quando.É aí que entra a Mulher.Mulher essa que estabelece os limites da loucura para o homem(ou a passagem para outras).
Curiosamente e ao contrário do que normalmente oiço, não é o homem que dá segurança, mas sim a Mulher, pois mais importante do que nos que protegermos das tempestades, das confusões e dos inimigos é proteger o valor da vida.É ter uma resposta(como se fala, e bem, num anterior post), uma justificação...e a única resposta concrecta e real que o homem tem para a vida...é a Mulher.

Tuesday, May 22, 2007

Experiment Stupidity

Peço Desculpa ao Blog Arqueologia do Corpo, de onde "roubei" este vídeo, mas é demasiado importante difundir quão estupidos e perigosos são os Estados Unidos da América. De tomar em conta que estas pessaos votam em quem será o Presidente do país mais poderoso do mundo.

Sunday, May 20, 2007

"Crer para Viver"

Depois de ter-me sujeitado, por curiosidade doentia e da qual me envergonho, aos argumentos e conselhos quer da Oprah como do famoso Dr.Phil, reparei que hoje em dia se aconselha as pessoas a acreditarem em "algo", não necessariamente em Deus, mas em alguma coisa. Como que fosse algo de necessário à existência humana acreditar em algo de superior a nós, ou à nossa existência. Estranhei um pouco este paradoxo estranho, de ver crentes numa determinada doutrina, a afirmarem que não é necessário acreditar no Deus deles, mas pelo menos encontrar um substituto. E então pus-me a pensar:
Porque será que devemos nós acreditar em algo?
Porque será que desde as tribos indígenas numa ilha deserta, aos Romanos, Gregos, Católicos, Muçulmanos, todos acreditam num Deus, ou em algo Superior a si mesmos?
Porque é que o ser humano é levado a Crer para Viver?
Será que existe mesmo uma necessidade inerente ao ser humano de acreditar em algo superior a si, que comanda os nossos destinos?

Primeiro acho que devo definir que, pessoalmente, eu acredito em respostas. Eu acredito que existem razões e causas para o que acontece. E que a procura dessas causas deve fazer sentido, independentemente da direcção em que me apontar, seja Deus, ou o fim do mundo.

Assim comecei a minha análise da questão, perguntando:
De onde surgiram as crenças?

Penso que nos tempos em que o intelecto humano ainda não estava totalmente desenvolvido, os seres humanos começaram a associar consequências com causas. E esta associação começou, associando causas passadas e consequências presentes, e movendo-se para causas presentes com consequências futuras. Assim ganhámos a capacidade de prever com alguma certeza o futuro. Consequentemente surgiu aquilo que eu chamo de espírito científico, também conhecido como curiosidade. Começou-se então a procurar as causas para as consequências que mais importavam ás pessoas naquela altura:
Porque é que morremos? Porque é que se dão terramotos? etc...
Desta procura de saber o porquê das coisas, surgram as primeiras crenças em seres superiores:
"Ao ofender o meu vizinho ele torna-se violento. Assim, da mesma forma: a Terra tremeu, pois ofendemo-la!"
Mas estas crenças respondem apenas ao espírito científico de cada um de nós... são respostas, mais nada.
Posso assim concluir que não existe na natureza humana uma necessidade de crer em algo, mas que aquilo que nos leva à religião não é nada mais do que aquilo a que eu chamo de espirito científico, a necessidade de saber o porquê das coisas, de obter respostas. Muito ironicamente o mesmo espírito que nega todas as crenças em entidades não lógicas, ou cientificamente provadas.

Continuei a minha análise e perguntei-me :
Assim, donde surgiram as religiões, e para que propósito?
Á medida que o tempo passava, alguns dos habitantes das sociedades tribais (ou qualquer outro tipo de sociedade), ganham, naturalmente, maior experiência e sabedoria, que lhes concedem maior respeito e credibilidade. Que por sua vez, lhes concedem, maior estatuto e autoridade.
Estes habitantes, têm a "sua" resposta, e essa resposta é estabelecida como verdadeira para toda a tribo, pois dado o estatuto e sabedoria dos velhos e sábios aldeões, nenhum dos outros aldeões encontra razões para duvidar dela. No entanto, dado os meios existentes naquela altura não serem os necessários para explicar o porquê de todos os acontecimentos verdadeiramente relevantes para um indivíduo, essa resposta não era absoluta, e provavelmente nem sequer era correcta. Mas isso tornou-se secundário quando surgiu um outro aldeão com uma outra resposta. Uma resposta que punha em perigo o estatuto dos aldeões velhos e sábios, e estes protegeram esse estatuto, calando essa nova resposta, independentemente do mérito da mesma.
E assim os velhos sábios ganharam a noção do poder que possuíam e da única coisa que os mantinha agarrados a esse poder:
A crença da tribo na "sua" resposta.
Assim surgiram as religiões, cuja principal natureza é serem uma ferramenta de poder utilizada pelos extractos sociais superiores para manter a sua credibilidade e estatuto.

Essas ferramentas foram sendo aperfeiçoadas e embelezadas. Assim ao analisarmos as crenças e religiões que mais se proliferaram, todas elas apelam ao descanso da nossa consciência. Existem em toda elas promessas de uma vida positiva, e de um futuro risonho, para aqueles que acreditam nos seus princípios. Quer seja acreditar no destino, ou no Karma, ou em Deus. Estas doutrinas transmitem um conjunto de limitações, de regras, que se seguidas, levam a um final positivo. Esta forma de embelezar o mundo em que nos inserimos, é apenas uma forma de atrair as pessoas à mensagem, pois elas QUEREM acreditar que tudo vai correr bem. Quando na realidade, isso não é algo que se possa prever.

Concluindo:
Dado hoje em dia o método científico conseguir estabelecer respostas para coisas que na altura da criação das religiões não era possível, elas têm de se ajustar e adaptar á esta nova realidade. E assim, procuram fomentar esta pseudo-necessidade, de um final feliz.Como se o ser humano não fosse capaz de assumir as suas responsabilidades, e viver a sua vida sem a promessa de um final que lhe seja satisfatório.
A verdade é que não existem finais felizes, apenas finais. E a tentativa de assegurar esse final feliz é uma exploração social da qual depende a existência das igrejas.

Wednesday, May 16, 2007

Tuesday, May 15, 2007

Oração do Homem Moderno

Convoco todos os Santos
Todos os espíritos
Deuses do passado
Ou santidades de conveniência

A todos vos chamo!

Por favor!
Matem-me a Consciência!
Já tenho tudo
Segurança, amigos...
Só me falta uma coisa
Livrar-me da minha Consciência
Aqui a entrego
Aqui a vendo
Aqui no santuário da minha solidão
Que espero ver pela última vez

Ninguém tem um Deus para me dar?
Um contentor para o meu sofrimento?.............................
...............................................................
........................................
.................................................................................................................................
Espera...
Vejo uma luz
Uma resposta divina!...
Sim, é isso!
Mas porque hei-de duvidar da minha bondade?
Só quero comprar as minhas coisas, as minhas casas, os meus carros
Sem me sentir culpado
Será pedir muito?
É preciso que os outros também sejam felizes...

Heis a minha nova oração:

"Que todos se satisfaçam

Que os pobres se saciem
Com o pouco que têm
Que os ricos tenham tudo
E que não me chateiem

Que os feios fiquem aquém
Mas que não se importem
Que os bonitos lhes digam
Que só conta o que sentem

Que os cegos e surdos
Se contentem com coisinhas
E os outros inválidos
Só precisem de festinhas

Que os que morrem a sofrer
Tenham seu lugar no Céu
Mas que o próprio Inferno
Não seja assim tão mau

Que todas as almas do Mundo
Encontrem o seu caminho
E que nada falte
A quem só olha o seu ninho

Deus!

Faz da hipocrisia, a nova demência
E salva-me da minha Consciência"

Thursday, May 3, 2007

Querem argumentos para filmes?Os americanos têm os westerns, nós temos a exploração do planeta Terra

-20 anos antes de Colombo "chocar" contra as Caraíbas, João Vaz Corte Real descobriu a ilha a que chamaram de Terra Nova, no Canadá.A existência de terra naquela zona do oceano foi mantida secreta por ordem de D.João II e as expedições continuaram, resultando na descoberta da costa norte-americana.

-As estimativas em relação á circunferência da Terra, feitas por Colombo, estavam muito mais longe da realidade que as da Junta de Matemática da corte de D.João II.Razão pela qual o rei recusou financiar as viagens e permitiu que Colombo convencesse a Rainha Isabel de Castela a financiá-lo e torná-lo almirante dos mares da Ìndia a descobrir e governador e vice-rei das terras do Oriente que se propunha descobrir também(pouco ambicioso, o homem).

-Como sabemos, Colombo não só não descobriu terras orientais nenhumas, nem mares da Índia, como distraiu a corte espanhola da luta comercial em que se quiz envolver, totalmente ganha por Portugal, nesta fase, visto que 4 anos antes de colombo dar com as Caraíbas em 1492, por engano, já Bartolomeu dias tinha chegado a metade do caminho marítimo para a Índia, sendo depois feita a viagem completa por Vasco da Gama em 1498.

-O tratado de tordesilhas, em que os negociadores portugueses conseguiram alterar a proposta do Papa para umas léguas mais à esquerda, apanhando o Brasil(mas falhando as caraíbas, para satisfação dos espanhóis), teve lugar em 1494.Isto foi 4 anos antes da suposta "expedição secreta" de Duarte Pacheco Pereira e 6 anos antes de "descoberta oficial" de Pedro Álvares Cabral.Conveniente, não?

-Existe um mapa, feito pela National Geographic Society, chamado "The Explorers", que tenho na minha posse.Nesse mapa estão enumerados os mais importantes exploradores: 12 exploradores ingleses, 6 espanhóis, 3 portugueses...a minha dúvida é:

Tristão Vaz Teixeira, Diogo de Silves, Gil Eanes, Afonso Gonçalves Baldaia, Dinis Dias, Diogo de Azambuja, Diogo Cão, Afonso de Paiva, Pêro da Covilhã, Gonçalo Eanes, João Fernandes, Pedro de Barcelos, Vasco da Gama, Duarte Pacheco Pereira, Pedro Álvares Cabral, João Vaz Corte Real(e seus respectivos 3 filhos), João Rodrigues Cabrilho, João da Nova, Afonso de Albuquerque, Francisco Serrão, António Fernandes, Fernão de Magalhães, Bartolomeu Dias, Martim Afonso de Sousa,Aarão Hallevi , António Abreu, Afonso de Paiva, António de Andrade, Bento de Góis, Brás Cubas, Diogo Álvares Correia, Diogo Rodrigues, Cristovão Pereira de Abreu,Diogo de Teive, Estevão Gomes, Fernão Gomes, Jorge Álvares, João Fernandes Lavrador, João Ramalho, Luis Vaz de Torres, Lourenço Marques, Martim Soares Moreno, Pedro de Mascarenhas, Pero Coelho de Sousa, Pero Lopes de Sousa, Pero Escobar,
João Fernandes de Oliveira, Jorge de Menezes, Tristão da Cunha, Fernão Mendes Pinto, João Gonçalves Zarco, Cristovão de Mendonça, Gomes de Sequeira, Pedro Fernandes de Queirós, Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens, Serpa Pinto...60 pioneiros e exploradores aventureiros portugueses, praticamente todos da Era dos descobrimentos (que começou com a conquista de Ceuta).

Pronto, se não quiserem, não ponham todos, mas só 3 é abuso, não?

-Foram encontrados mapas portugueses que revelam conhecimento da existência da austrália, 250 anos antes de James Cook lá passar, pois nesses mapas, depois de algum estudo, foi possível encontrar contornos detalhados duma parte da costa australiana.

-Existe uma imagem mítica dos portugueses, propagandeada, principalmente entre os americanos, que nos classifica como tiranos e chacinadores.O facto é que, de todos os povos de exploradores desta época dos descobrimentos (portugueses, holandeses, espanhóis, ingleses e franceses), os portugueses são dos que têm menos registos de comportamentos tirânicos e racistas(claro que também tivemos a nossa quota parte, principalmente na escravização) e sendo bastante favoráveis à miscigenação, ao contrário do que se verifica nos outros povos e principalmente, nos ingleses que sempre tiveram uma política de "apertheid" em relação a outras raças.

-O explorador João Fernandes de Oliveira teve 13 filhos assumidos da ex-escrava (já, mulata) Xica da Silva com quem se tinha casado e assumido abertamente o matrimónio, daí o nome da senhora passar a Francisca da Silva Oliveira.O padre António Vieira teve forte relação e conhecimentos com os nativos do Brasil e sempre quiz contribuir para a sua integração na sociedade cristã(uma forma de eles não serem ostracizados).Camões descreve no seu poema "Endechas a Bárbara Escrava" uma atitude não-racista e de vanguarda.

-"Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam"-Pero Vaz de Caminha referindo-se às nativas do Brasil, nas suas cartas relativas à viagem de Pedro Álvares Cabral em 1500.

300

(quem não viu o filme "300" ainda, não leia os dois primeiros parágrafos)

Depois de ter visto, finalmente, esse filme que deu tanto que falar e depois de concluir que é um bom filme para entretenimento e estupefacção com efeitos estéticos e cenas de batalha, passei, de seguida, para a componente histórica do filme que, neste caso, deriva da interpretação do, agora conhecido, Franck Miller, que participou na realização do filme.Depois de verificada essa componente, conclui que, era sem dúvida, a parte menos considerada no enredo.Isto é uma pena para quem, ao ter gostado tanto da história, desejasse que assim se tivesse passado...

De facto, na batalha de termópila, não havia apenas espartanos famintos de sangue e outros quantos aliados que não sabiam combater. Também os persas não eram aos milhões e lado grego contava com pelo menos, 7000 soldados aliados, sendo os de esparta à volta de 1000, no número mais provável.No máximo, os soldados de esparta sacrificaram-se, de facto, para bloquear os persas, enquanto os aliados se retiravam, para impedir o massacre, quando a batalha já estava perdida.Mais tarde, foi um general e estratego ateniense chamado Temístocles com a sua frota naval que derrotou pela primeira vez o exército persa e inverteu o decurso da guerra.

Mas, passando para casos mais sérios, em que o que o caso não é um filme de banda desenhada, existem uma série de deturpações históricas que se alastram e afectam até os portugueses.Como tal, eu irei deixar no próximo post, uma lista de recordações de dados e deturpações históricas em relação a Portugal(de acordo com os historiadores mais recentes) que deveriam ajudar a levantar este país, tal como os americanos fizeram com os seus westerns do sonho americano e que acompanharam o progresso dos estados unidos.
Quem quiser contribuir com mais revelações ou simplesmente confirmações da História, esteja à vontade.

Sunday, April 22, 2007

Cínico vs Hipócrita

Ao analisarmos as várias atitudes perante a vida que se podem tomar, é possível verificar a existência de duas que embora pareçam ligadas, estão a meu ver, em confltio constante ao longo da História.São essas as duas que ponho no título deste post.

O conceito de cinismo é fundado na Grécia, por um discípulo de Sócrates(o filósofo,não o engenheiro), Antístenes. O cínicos gregos propunham a procura das conquistas interiores, em deterimento das exteriores.E propunham esta atitude, não por meio de discursos, mas através do seu modo de vida que era levado com poucas posses(apenas o necessário), não preocupados em demasia com a aparência e a saúde física, mas com as virtudes morais.
O conceito de cinismo ganhou ao longo dos tempos uma conotação mais negativa, querendo também aplicar-se a pessoas que assumem uma postura um pouco satírica e ridicularizante da defesa dos valores da sociedade, não contribuindo para que estes sejam respeitados e até aproveitando-se desse desrespeito(o que deixa, apesar disso, em aberto, a possibilidade desse indivíduo manter guardada para si, alguma espécie de moral).
Já o conceito de hipocrisia, nasce por meio da constatação da existência de indivíduos que pregam certas crenças e ideais, não as praticando ou praticando mesmo o oposto.

Sendo discutíveis os conceitos de realidade, verdade, certo e errado, bem e mal...era inevitável o aparecimento de pessoas que adoptassem atitudes que levassem em conta essas subjectividades ou até mesmo, incoerências...

Posto isto temos duas visões cépticas perante os valores, uma exposta e outra encoberta:


Para o cínico, a superfície dos ideais(ou seja-aquilo que o ideal prega)é apenas folclore e não acreditando nessa superfície
, deixa-se afundar nos eternos "porquês" que, embora ingénuos, são honestos.O hipócrita vive NA superfície dos ideais, salvando assim a sua consciência do conflito com o fundo das questões.O hipócrita é assim, mais prudente, pois consegue deste modo viver sem angústias morais nem dúvidas, sem nunca lidar consigo mesmo quando procede mal e sem nunca entender o que está por trás dos ideais que assume.

Ambos são descrentes no sentido da vida, mas o cínico assume a sua descrença primordial, não tendo medo de ir ao fundo dos ideais, pondo-os assim em causa e tentando buscar, com risco de se desiludir, uma motivação real para as suas acções.O hipócrita descarta-se desse confronto interior ao aceitar, sem hesitação, qualquer tipo de crença, e fazendo-a sua aliada, para que esta não se ponha no seu caminho rumo ao seu conforto e sensação de segurança.

No caso do cínico, o objectivo não é fazer amigos nem dar impressões populares ou agradáveis mas ser duro com a verdade, para que possa tratá-la o mais realisticamente que conseguir(um pouco ao estilo do Dr House).
No caso do hipócrita, o objectivo é gerência das impressões exteriores para não lidar com os factos(um pouco ao estilo de certos políticos ).

O cínico finge-se despreocupado , para que ele próprio possa chegar a si mesmo e aos outros, sem ajuda da sua fachada.Para que possa,sem se sentir forçado a isso, descobrir se existe algo digno de ser acreditado.
O hipócrita finge-se preocupado com os valores, para que possa beneficiar da sua fachada, não sofrendo com as implicações que envolveriam as suas crenças, se fossem reais.

Nesta crise e questionamento de valores em que vivemos, gostaria que o veredicto desta Guerra que identifico, beneficiasse os cínicos e estes fossem os Guerreiros do Futuro, e não os hipócritas , graças aos quais, certos valores são mal construídos e aprendidos ao longo da História.

Sunday, April 15, 2007

República das bananas

Antes de mais e completamente a despropósito, o Nuno Gomes é estúpido...mas adiante, na última semana, tivemos a prazer de assistir à confirmação de que a república das bananas chama-se de facto, Portugal.A dedicação e competência com que os senhores jornalistas da televisão do serviço público e o engenheiro(lol) José Sócrates se entregaram ao apuramento dos factos relativos ao seu percurso académico, foi tão ridícula que acho que nem uma pessoa em Portugal levou tal assunto a sério,excepto alguns deputados que tentando salvar a imagem dos políticos portugueses em geral, deram um tom sério à suas declarações , afirmando que não ficou provado que tenha havido algum favorecimento(o que é , de facto, verdade).
Mas o mais grave em tudo isto é que um assunto que não parecia ter importância para a vida política e para o futuro de Portugal(por mim, Sócrates até podia ser varredor de ruas) ganhou importância quando o primeiro-ministro deixou que lhe empurrassem à parede, não lhe restando outra solução senão defender-se com unhas e dentes para provar a legitimidade do seu título de engenheiro (como se fosse com isso que o eleitorado português estivesse preocupado)cujo nem está reconhecido pela respectiva Ordem.
Ao insistir em defender-se e usar argumentos dúbios como mostrar um papel que confirma a sua obtenção de um MBA em resposta a uma reclamação dos jornalistas de uma confirmação de uma licenciatura legítima, que equivale a responder as horas, quando lhe perguntam o dia, Sócrates deixou mais acesa a hipótese de se ter embrulhado numa confusão por uma mera atitude de novo-riquismo pequeno-burguês de quem quer ter títulos e reconhecimento.

Se até o primeiro-ministro perdeu tempo com um assunto que tão pouco diz respeito ao futuro do país, que raio de motivações terão os vários deputados que se sentam no parlamento regularmente e muito se recusam a conciliar esforços e procurar soluções que unam a assembleia?Seria hipócrita justificarem-se no peso ideológico de cada partido, pois as ideias de cada partido assentam na sua necessidade de sobrevivência e não de coerência...

Bem sei que há muito mais vida além do parlamento.Mas será que o que se passa nesse local não é, no fundo, um confronto de ideias e soluções, mas sim, um confronto de egos?Cujo choque se manisfesta em divergências, aparecendo as justificações à posteriori?

Parece haver uma atitude pouco científica e distanciada de si mesmo, por parte do político português em geral e é essa fachada que ele tem de manter para gerir a sua impressão no público que faz dele alguém que potencialmente põe a eficiência em segundo lugar.(isto para não falar da única coisa que é certa em ser político-dá dinheiro). Contribuindo-se assim para que a definição mais aproximada de um político seja apenas a de alguém com poder sobre outros e sem mais requisitos necessários.Ou apenas, um "admnistrador público com interesses particulares".

Sunday, April 8, 2007

"Não julgueis para não serdes julgados" J.C.

Ao nascermos, penso que nasce connosco a noção daquilo que, como seres humanos, temos de direitos inquestionáveis. Como seres humanos, temos o direito á escolha, ao pensamento e á comunicação livre, á vida , etc... Penso que estas noções são intuitivas e pessoais, para cada prespectiva do mundo cada conjunto de direitos.
O sentimento de justiça, surge quando existe uma incoerencia entre aqueles que são os direitos que pensamos serem nossos, e a realidade. Daí as prespectivas de justiça numa mesma situação variarem.
A sociedade em que nos inserimos, define por si só, os direitos do indivíduo, independentemente de quais são aqueles que cada indivíduo intui serem os seus. Só existem dois sistemas que permitem a liberdade total de direitos intuitivos a um ser: a ditadura, no caso do seu ditador, e a anarquia.
Na sociedade em que eu me insiro, existem direitos que são definidos á priori, como direitos de cada um dos constituintes... Esses direitos (neste caso) teem como limite, os direitos dos outros constituintes. Portanto, não somos completamente livres (se o homicídio fôr o meu "hobbie" tou com azar...).
Para regular estes direitos, foi criada a Lei. A lei é uma racionalização das incoerencias entre os direitos que são intuitivos e aqueles que são impostos pela sociedade, com o objectivo de manter uma justiça própria da sociedade. Essa justiça trata apenas da preservação dos direitos de cada constituinte, aqueles impostos pela sociedade.
Como racionalização, a Lei não pode prever todas as situações, portanto, essas leis teem de se aplicar à realidade. Essa aplicação é feita num tribunal, onde cada individuo explica a sua prespectiva do acontecimento, e um Juiz é encarregado de decidir onde reside a justiça.

Ao ver a série Lei e Ordem, verifiquei uma inconsistencia: A fé na Lei é absurda! A Lei é uma criação humana baseada em pressupostos intuitivos, que variam de pessoa para pessoa. Ou seja é falível. Daí a existência de um Juiz. Mas estes Juizes (que necessitavam ser bastante mais divinos que humanos) não são mais do que estudantes e amantes da Lei! Não da Justiça!
Um juiz tem de verificar se a Justiça se aplica. Não se a Lei se aplica!
A Lei serve para regular, não para decidir!
Constantemente verifico a existencia de leis absurdas, mas essa realidade é prevista e normal... A lei é falível...

Ou seja: Lei não pode constrangir o Juiz. Ele deve ser todo poderoso.
O que cria um novo problema... Quem poderá ser juiz?...................
....................................................................................Ninguem.


Portanto até convencido do contrário, andarei de mota sem capacete.

Saturday, March 31, 2007

Os meus medos.....

Espectadores.... Somos todos espectadores da história que se faz diante dos nossos olhos. Mas por muito que me esforçe não consigo parar de ter a impressão que conheço este argumento. Os actores não reconheço, mas aquilo que eles dizem é me estranhamente familiar. Há já algum tempo que reparo em sinais, em pequenas manifestações, descobertas, decepções... mas nada de importante, de relevante, de assustador. Aquilo que assusta é a suspeita, o "suspense", a hipótese provável de ser mais uma matiné da mesma história, repetida ciclicamente desde o começo do conceito de sociedade. A cada sinal, mais um ponto em comum, nada que cause terror.
Mas a hipótese de se virem a repetir os tempos de dificuldade, de injustiça, terror.... trazem esse mal-estar.
Um primeiro sinal, á coisa de 1 ano e meio, um suposto crime organizado, perpretado por minorias étnicas numa praia de moda. Coisa de escândalo, de nome mediático, "arrastão", mas a uma escala diferente, uma ilusão. Quem poderia iludir assim a opinião pública? mas mais importante do que quem, porquê? Se formos optimistas... um grupo isolado, uma percentagem pequena, ou então... um movimento em recrutamento...
Imediatamente surge uma face pública do velho vilão das histórias passadas, para manifestar-se no Marquês de Pombal contra os "diferentes"...
Estou a ficar farto deste filme, mas não consigo parar a cassete. As pessoa vêem aquilo que têm á frente, e não tentam aprender com as histórias que já conhecemos.... Somos perfeitos? Nem pensar nisso. Estamos bem? Podíamos estar muito melhor. É inútil trabalhar para isso? Não!
O problema é este nervoso miudinho... é esta hipótese. Poderíamos correr e fugir para onde quisessemos mas ela estaria sempre lá... A opinião pública a mudar, as pessoas a cederem à virtual maioria.
A pensarem? Sim, mas não sem antes cederem à tentação daquele sentimento de pertencerem aos "bons", e aceitarem as condições de adesão. Pensando naquilo que vêem e experimentam, e esquecendo a história que nos parece tão familiar. Não olhando para a justificação.
Por fim acalma-mo-nos, e pensamos, que disparate... é um punhado de rapazes que não pensaram bem no que disseram. E fechamos os olhos com força e fingimos que nunca se passou..... até voltar a acontecer.

Penso que está a acontecer....

Monday, March 26, 2007

Jesus Cristo não era masoquista

Para adicionar às citações de Siddharta, aqui ponho algumas citações atribuídas a Jesus Cristo:

"Com a Verdade vós os vencereis."

"Não julgueis para não serdes julgados. Pois com o julgamento com que julgais sereis julgados, e com a medida com que medis sereis medidos."

"Todos os que pegam a espada pela espada perecerão."


Nas duas primeiras citações vemos dois princípios que foram completamente seguidos ao contrário, pois a igreja ao usar o nome de Cristo apenas se concentrou em pôr toda a gente a decorar salmos como se fossem palavras mágico-catárticas, não se preocupando em ajudar as pessoas a não entrar num estado de infantilidade encravada que de forma alguma procura a Verdade, que é referida na primeira citação.Estou francamente de acordo como a lógica contida nesta frase, pois nos dias de hoje sabe-se o que está a vencer: a Ciência, que mostrou ser uma honesta e exigente busca da Verdade.
Já na segunda citação, ainda bem que que ninguém se esqueceu de ler esta passagem na bíblia, pois se alguém se tivesse esquecido de ler, não sei como teria sido a Santa Inquisição e as formas de educação que se baseavam em formas de julgamento e condenação por acusações morais.
O "Juízo Final" é apenas a ideia de que só quando todas as nossas acções estiverem somadas, se poderá tirar conclusões.Até lá mais vale é viver em vez de julgar, apenas.
Na terceira citação, não me parece estar lá escrito para se promover estupidamente a paz ao ponto de perdoar tudo e tentar alcançar todos os abjectivos por via de rezas e consolos.O que eu leio ali é "quem vai à guerra, dá e leva".
De facto, basta procurar outras passagens e ver que jesus cristo não promovia inércia, conformismo e desejos de paz expressos em lamúrias e cânticos.Ele queria acção:

“Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas a espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa.”

Isto é uma clara proposta de desapego às verdades instituídas.Uma proposta de recusar os vícios da sociedade e não aceitar a realidade como ela nos é apresentada, mas sim lutar por uma outra.Lutar por amor:

"Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos."

pelos amigos, pelos que não são do mesmo sangue ou socialmente vinculados.

A ideia de dar "a outra face" parece-me a mim aplicar-se a situações em que mais vale ser superior a conflitos inúteis e esperar que o outro se satisfaça e vá à sua vida(alguma ponta de cinismo nesta interpretação).

Para concluir e em comparação com Siddharta, julgo que o Buda era pacifista, mas Jesus Cristo não era e essa será a diferença essencial entre eles, para mim.Enquanto que o Buda busca a felicidade por via da meditação e reflexão, Jesus Cristo é mais enérgico e revoltado (tal não terá sido o arraial de pancada que deu aos vendedores de ídolos no templo, acordou mal disposto...) para com os vícios e injustiças da sociedade.Ele bem pede para olharem "os lírios do campo" e ver na natureza tudo aquilo que precisamos e que nos conforta, em vez de ficarmos presos à artificialidade da sociedade que nos põe todos uns contra os outros.
Ao se olhar para a instituição da Igreja Católica e se verificar a sua necessidade de controlar as pessoas, concluímos logo que um batalhador, impulsivo, por vezes incoerente,quase anarquista, militante da vida e do amor pela natureza e pelas pessoas e sem qualquer projecto de sistema político para monopolizar a vida de todos, nunca poderia ser uma boa referência.Melhor seria um inocente e masoquista impulsionador da obediência e da ordem e que "voluntariamente" deu a vida por todos nós para nos mostrar o quanto
de nós gostava...
Para que todos tivéssemos medo de tentar o mesmo que ele.Todos tivéssemos medo de acreditar que ele não queria ser crucificado, queria viver e ser feliz, sendo pura e simplesmente assassinado por pôr em risco a ordem política.
E assim foram, ao longo da História, as repetições de crucificações a quem quer que procurasse a verdade ou pensar diferentemente do instituido.Para que a igreja deixasse claro que esta seria a consequência para todos, portanto seria melhor que esperássemos eternamente o salvador...mas se Ele aparecer mesmo...salvem-se os padres!!

Friday, March 23, 2007

Citações do Buda Siddharta Gautama

Ouvi dizer que o Budismo está muito na moda.Depois de ver estas citações, não parece:


"Se o desejo, que se aloja na raiz de toda a paixão humana, puder ser removido, aí então, morrerá esta paixão e desaparecerá, consequentemente, todo o sofrimento humano."

"O ódio nunca desaparece, enquanto pensamentos de mágoas forem alimentados na mente. Ele desaparece, assim que esses pensamentos de mágoa forem esquecidos."

"Tudo o que nasceu vai morrer, tudo o que foi reunido será espalhado, tudo o que foi acumulado terá fim, tudo o que foi construído será derrubado, e o que esteve nas alturas será rebaixado".

"Não acreditem em nada só porque lhes foi dito. Não acreditem na tradição apenas porque foi passada de geração em geração. Não acreditem em nada só porque está escrito nos seus livros sagrados. Não acreditem em nada apenas por respeito à autoridade de seus mestres. Mas em qualquer coisa que, depois do devido exame e análise, vocês vejam que leva ao bem, ao benefício e ao bem-estar de todos os seres."

"O homem que busca a fama, a riqueza e casos amorosos é como uma criança que lambe o mel na lâmina de uma faca..."

"Um homem será tolo se alimentar desejos pelos privilégios, promoção, lucros ou pela honra, pois tais desejos nunca trazem felicidade, pelo contrário, apenas trazem sofrimentos."

"Não vivas no passado, não sonhes com o futuro, concentra a mente no momento presente."

"Viver apenas um dia e ouvir um bom ensinamento é melhor do que viver um século sem conhecer tal ensinamento."

"O leite fresco demora em coalhar; assim, os maus atos nem sempre trazem resultados imediatos. Esses atos são como brasas ocultas nas cinzas e que, latentes, continuam a arder até causar grandes labaredas."

"A nossa existência é transitória como as nuvens de outono. Observar o nascimento e a morte dos seres é como olhar os momentos da dança. A duração da vida é como o brilho de um relâmpago no céu, tal como uma torrente que se precipita montanha abaixo."

"Dominar-se a si próprio é uma vitória maior do que vencer a milhares numa batalha."

"Não lastimes aos outros o que te causa dor somente a ti."

"Começamos a morrer no momento em que nascemos."

"As boas e más acções que um homem pratica, persegui-lo-ão para sempre como sombras."


Embora eu não seja budista e não seja adepto de outras facetas dessa religião para além das mostradas nestas citações, como a crença no estado iluminado ou na vida eterna resultante de uma prática do bem, penso que se analisarmos estas frases verificamos que o que se passa nos dias de hoje não é uma real extinção do espírito religioso, mas sim uma nova religião chamada capitalismo, egoísmo ou futilismo em que os valores são justamente os opostos aos anteriores mas continuam a manter a caracteristica das religiões anteriores que consistem em prender as pessoas em vez de as libertar.
Agora esta nova religião é apenas uma inversão dessa prisão.Antes prendia-se o indivíduo à preocupação com os outros e com o que ele podia dar.Agora prende-se o indivíduo à preocupação consigo próprio e com aquilo que ele pode ganhar.

Não sou religioso mas mesmo assim parece-me que, devido à fé ser algo duro de se manter, a perda do espírito religioso numa pessoa ou da sua crença em algo muitas vezes não provém de uma iluminação vitoriosa mas apenas de uma desistência...

Mas já este Buda dizia:

"É melhor acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão."

Portanto aqui fica a hipótese de que aquilo que está por trás de cada religião(que acabou por ser usada para o controlo de massas) e lhe deu origem pode conter grandes e importantes verdades, tão difíceis de digerir que tiveram de ser adaptadas ao longo da História.