Tuesday, October 9, 2007

A Felicidade de Uns

Existe algo dentro de todos nós que nos dita, desde crianças, aquilo que é "belo", que é "justo", que é "emocionante". Eu poderia chamar-lhe alma, mas irei chamar-lhe "coração".

Na Constituição dos EUA, existe uma emenda que deu origem a uma resolução por parte do Supremo Tribunal de Justiça, que determinava aos cidadãos americanos o "direito á procura da felicidade". Penso que este e outros princípios da democracia tocam nos nossos "corações" e nos enternecem pela sua "justiça". Nós sentimos que é justo vivermos numa sociedade em que temos o direito a ser felizes.

Surge neste momento, na minha opinião um conjunto de pessoas, e personalidades pública e políticas que advoga mais com o coração do que com a cabeça. Escolhendo os temas e pontos de vista em que acredita, sentindo e não pensando. Ou pior, escolhe os pontos de vista que sabe que nos tocam nos nossos "corações" de forma a ter um maior sucesso junto de nós.

Temos de ter em conta algo que comecei a dizer no título mas não acabei:

A felicidade de uns é a miséria de outros.

A verdade é que na Constituição Americana não diz, que os seus cidadão têm o direito á felicidade. Diz que têm o direito a persegui-la. Pois na realidade não existe o conceito de felicidade absoluta num estado livre.

Aqui reside o problema: a felicidade absoluta é atingível apenas quando se define aquilo que é felicidade. Criando uma norma, chamada "felicidade". E assim poder-se-ía dar o direito dessa "felicidade" ás pessoas. Mas desta forma não somos nós que definimos a "felicidade", é a norma. E assim, o estado pode até ser um estado de direitos, mas não é um estado livre. Pois não somos livres de fazer tudo excepto aquilo que interfere com os direitos dos outros, mas sim de fazer tudo aquilo que está dentro dos nossos direitos. Que são previamente definidos.
A minha felicidade, se definida por mim, pode até ser a infelicidade de alguem. Assim demonstro o teorema acima enunciado. A felicidade absoluta não existe num estado que é livre.

Este problema é apenas uma aceitação da realidade que é impossível todos nos darmos bem, e sermos felizes simultânemente, num estado livre, onde os choques das nossas liberdades são inevitáveis. Mesmo que aceitar isto quebre os nossos "corações".

Portanto o argumentar com o coração, só em relação a sermos livres. Esse é o meu axioma. Livres excepto quando interferimos com as liberdades dos outros. Livre de me matar, de cometer todos os erros que se consigam imaginar, dado serem erros para todos, menos para mim...

Só assim seremos livres, e o meu coração, apesar de não estar inteiro, está melhor do que se estivesse acorrentado.