Sunday, July 8, 2007

Mediocridade e Poder

Na calha do pensamento expresso no post anterior:



É absurdo o facto de muita gente depositar esperança em políticos.Como se estivesse nas mãos deles a felicidade de cada um de nós.No fundo está-se a depositar esperança em quem se dedicou mais tempo a conquistar poder e estatuto.Na maior das probabilidades, são pessoas que, em vez de se desenvolverem em áreas de conhecimento específicas, ganhando depois a consciência da sua possibilidade de contribuir para trabalho estatal, passaram logo para a disputa de poder oligárquico ou para uma área que nitidamente lhes coloca perto das questões políticas (como seja, curso de direito, jornalismo, relações internacionais, etc) e com experiência e paciência suficientes para discutir com o intuito de levar a melhor, independentemente da validade e qualidade dos seus argumentos.
Tudo isto são características que não interessam a quem está dependente das decisões das pessoas que as possuem( a essas características) mas interessa ter a quem se move nesses meios(do poder político).

Parecem existir dois discursos paralelos na democracia.Um cidadão despudorado manifesta a sua reivindicação de uma vida melhor à classe política e a classe política reivindica a atenção dos cidadãos para com os seus discursos inúteis e sem conteúdo concrecto, que têm a função de obter uma determinada impressão e reacção por parte do público.Mas a única consequência inevitável desses discursos é o início de opiniões e bitaites por parte desse público que, como não lhe é dada quase nenhuma informação inequívoca, usa tudo aquilo que tem para construir pontos de vista que são trocados até ao infinito e que cada vez mais contribuem para que ninguém esteja realmente informado sobre o que se passa e quem é, de facto, o político que defende a melhor medida.

Isto deve-se, também,ao facto de o discurso político não ser um discurso informativo, mas um discurso publicitário.Onde, acidentalmente, aparecem algumas informações soltas, mas que correm o risco de se tornarem obstáculos ao objectivo do orador.Porque, para alguém que precisa de ter razão, independemente da realidade dos factos, essa realidade é um obstáculo ou pelo menos um fardo.O discurso de alguém com esta postura equivale ao de um advogado contratado por si próprio onde o juíz não existe, não sabe as regras ou não tem autoridade.O único limite do discurso político é o tempo(e às vezes nem esse).O tempo de antena de certos políticos já foi causa de catástrofes ao longo da História.

Uma forma de contribuir para esta tendência é a existência de juventudes partidárias que servem para "encarreirar os putos" que para lá aparecem e se dedicam a conhecer os "meandros da política", a arranjar contactos e popularidade.A construir um estatuto abstracto e sem fundamentos que não sejam a experiência de rodagem em comissões e reuniões.É só quererem e será uma questão de tempo até muita gente os conhecer, uma vez que não conseguem estar calados e os partidos os incentivam a ter essa auto-confiança interminável no que dizem.
Isto constitui o ensaio geral para quando tiverem cargos de poder que conseguem alcançar devido aos primeiros "contactos".O país está sempre dependente da boa-vontade e critério desses contactos.Dessa escolinha de contactos e politiquinhos.
Mas estas escolinhas ensinam muita coisa, isso não se pode negar.Ensinam a "lábia", a rapidez de vocalização inócua e respostas imediatas a perguntas inesperadas.A capacidade de falar mais, de ter a última palavra, de vencer no campeonato das palavras.De não se deixar por vencido.De ter o seu ego como combustível.De se auto-despersonalizar, de deixar de ser uma pessoa em detrimento das suas funções e objectivos.De se mediocrizar.

A necessidade de poder advém , quanto a mim, da falta de algo, de insegurança pessoal.É a necessidade de uma compensação narcísica (repare-se que é raro a beleza ser uma característica de um político.E quando é, a arrogância é interminável).Parece-me que a busca de poder é, na verdade, a sensação da falta dele.

Quererei eu dizer com isto que todos os políticos tiveram como principal impulso esta auto-satisfação, mesmo que mais tarde não se tenham tornado interesseiros?Não.
Quererei dizer que se devia descredibilizar o conceito de poder?Também não.

A minhas setas vão apenas na direcção daqueles que lidam com o conceito de poder como se de um valor absoluto se tratasse.Àqueles que se dedicaram a avançar para os terrenos do poder e decisão sobre outros sem terem qualquer preocupação com o que fazer com isso. Àqueles que transportam ideologias que não passam de pretextos.Àqueles que não se preocuparam em saber o que queriam fazer da vida, desde que resultasse em poder.Que não se importam de ser medíocres.Que se desperdiçam a si próprios por algo que, isoladamente, não tem qualquer valor ou significado, o poder.

Porque, infelizmente, o que acaba por acontecer é que, em geral, quem se dedica(genuinamente) a melhor pensar e compreender o mundo e contribuir para o conhecimento(físicos, químicos, biólogos, investigadores, filósofos, etc) esquece-se dessa busca de poder e informação detalhada dos mecanismos políticos.E quem os conhece melhor(a esses mecanismos) foi quem apenas a isso se dedicou a sério, tendo, quanto ao resto do mundo, desenvolvido uma visão superficial.
Estamos presos a este ciclo de falta de rigor técnico dos eleitores e falta de raciocínio e conteúdo nos políticos.Nem os cidadãos sabem fazer perguntas nem os políticos sabem dar respostas.

O teatro político tende a tornar-se numa manta de palavras que cobre os factos que continuam a passar-se na mesma e que nem os políticos nem os restantes cidadãos conseguem alterar.A não ser, no que toca a uma certa intuição na hora das eleições e no que toca à procura do "timing" por parte dos políticos.Tanto o aborto, como o aeroporto ou a reforma das universidades são questões que se resumem em quanto tempo se consegue adiar um acontecimento neste país.Tudo se resume a uma gerência de ideias já tidas.Tudo se resume a gerência de poder.

Importar-me-ia eu de ter poder?Claro que não!Todos os dias busco o poder sobre mim mesmo e sobre o meu futuro e tento descobrir, com risco de falhar, onde estou a ser dominado e tento, também, combater esse facto.Claro que busco esse conceito.
Importar-me-ia eu de ter poder sobre outros, por princípio?Também não.À partida, não posso saber se seria bom ou mau nesse papel.

A questão é se recusaria buscar um papel de poder, sem antes querer saber qual a sua aplicação-Isso sim, recusaria.

Baseado nas palavras de Francis Bacon:"Knowledge is Power"

O poder não leva ao conhecimento mas o conhecimento pode levar ao poder.

CONHECIMENTO ANTES DO PODER.

Vejam aqui um estudo psicanalista sobre este tema

Friday, July 6, 2007

O circo chegou a Lisboa

Vem aí o circo.Há cartazes.Há palhaços.Há malabaristas.Há trocas de galhardetes.Há diversão.Há tempo e dinheiro perdido.Há espectáculo!!!

Ia a passar na calçada de carrixe e comecei a ver a quantidade de cartazes respectivos às autárquicas e parecia que estava no meio de uma revista de bd em que os bonecos se insultavam todos uns aos outros.Parecia que cada cartaz que eu lia, já estava a responder ao insulto do cartaz anterior(sim, eu li alguns, processem-me).
O melhor, se calhar, é juntarmo-nos à festa, como fazem os do Gato Fedorento e não desperdiçarmos a oportunidade que este país nos dá de nos divertirmos, que isto, o mal, é levarmos a vida a sério...

Mesmo assim gostava de partilhar este pensamento:

Síndrome da responsabilidade política:Quem são as únicas pessoas que não precisam de saber fazer nada pelo país?As que mandam fazer.

E uma curiosidade:

Etimológicamente, as palavras "eleição" e "inteligência" têm raízes parecidas, uma vez que "eleição" quer dizer "escolha" e inteligência diz respeito á capacidade de "escolher" entre várias opções.Curioso...

Wednesday, July 4, 2007

Aconteceu na América

Pedido de admissão

Este é um pedido de admissão verídico, submetido por um
rapaz de 17 anos a um restaurante da cadeia McDonalds
nos Estados Unidos. O candidato foi aceite devido à sua
originalidade, honestidade e bom humor…
Nome: Greg Bulmash
Sexo: Ainda não. Continuo à espera da pessoa certa!
Posição desejada: Presidente. Caso esteja preenchida,
poderá ser a que estiver disponível.
Salário desejado: O mesmo de Micheal Ovitz (o gestor
mais bem pago do mundo. Caso não esteja em condições de
pagar o montante desejado, agradeço que façam uma
proposta irrecusável.
Educação: Muita (pelo menos a minha Mãe esforçou-se).
Ultimo Emprego: Alvo da hostilidade de um gestor
intermédio.
Ultimo Salário: Muito menos do que aquele que eu
merecia.
Feitos Notáveis: Desvio de canetas e de blocos post-it.
Razões pelas quais saiu: Estava farto.
Horário Pretendido: De preferência das 13 às 15h, às 2as
4 as e 5 as.
Tem competências especiais?: Sim, mas são mais indicadas
para ambientes mais íntimos.
Podemos contactar a sua actual Entidade Patronal?: Se a
tivesse estaria a preencher este bendito formulário?
Tem automóvel? Que funcione, não.
Recebeu algum prémio ou distinção?: Só se ganhar a do
candidato mais original da McDonalds.
Fuma? Só nos intervalos e às escondidas!
O gostaria de fazer nos próximos 5 anos?: Viver nas
Bahamas com uma top-model
Jura que todas as suas declarações correspondem à
verdade? Absolutamente.
Assinatura (Sign): Carneiro