Saturday, September 1, 2007

Adeus, atracção fatal?

Sempre me impressionaram imenso as mulheres que permanecem femininas, mesmo que as ponham a jogar futebol, a lançar dardos ou a domar ursos, provando assim que a identidade sexual é mais profunda que a identidade social ou profissional.É como se uma força reprodutiva se manifestasse nelas.Como se a natureza delas não as largasse, o que quer que acontecesse.Como se no seu inconsciente, lutassem pela sobrevivência da humanidade, sem dar alarido disso.E tentassem conservar a certeza de que estão disponíveis para a função reprodutiva.

Assim como também devo demonstrar respeito pelos homens que aceitaram ser educadores de infância, cabeleireiros ou que mais se atribua ás mulheres , sem contudo deixarem de ser masculinos.Sem dar descrédito aos excluídos destes conjuntos, interessa-me agora falar sobre os que referi.

Para já, o que quero eu dizer com Feminino ou Masculino?Não faço a mínima ideia.Os critérios em que me baseio para fazer esta distinção não são biológicos, nem sociais nem psicológicos.São apenas empíricos.Não chamo a uma mulher masculina, se ela for comando.Chamo-lhe masculina, se a vir e depois de tal, ela me parecer ter uma postura masculina.Análogamente, o mesmo acontece com as que exercerem profissões "tipicamente femininas", cujas não considero necessáriamente femininas, só por isso.

Veio-me este assunto à baila, por ter verificado que os vários tipos de reprodução alternativos já estão muito mais generalizados do que eu imaginava.Assim como as correntes de pensamento que dizem que o sexo deve estar separado da sua componente reprodutiva e assim interpretado independentemente dessa função.É óbvio que os cientistas que defendem esta visão não dizem que a necessidade sexual está primariamente desligada da reprodução.Dizem antes, que uma vez que temos inúmeros recursos à nossa disposição para nos facilitarem a vida, deveríamos aproveitar para, com ajuda de comprimidos, fertilizações in-vitro e clonagem, controlar de tal modo a nossa vida, que daqui a alguns anos não precisaríamos de nos preocupar com a reprodução da nossa espécie, podendo ter sexo, completamente despreocupados e talvez até reduzindo o risco de doenças e bebés infectados.As mulheres não precisariam de engravidar nem os homens de ter espermatozóides férteis.

Como se sabe, nas civilizações mais abastadas, tanto os homens como as mulheres estão cada vez mais inférteis.Uma possível explicação que arranjo é a redução da resposta da glândula da hipófise à necessidade de produção de hormonas masculinas e femininas, devido às condições de conforto muito superiores às vividas nos séculos passados, dando a impressão ao cérebro de uma necessidade de procriação reduzida, pois os riscos de morte são menores e a esperança média de vida maior.

Existe até um cientista italiano que diz que a humanidade tende a tornar-se bissexual, devido a essa separação entre a actividade sexual e reprodução, fazendo-nos isso, caminhar para uma igual probabilidade de escolher um parceiro do mesmo sexo ou do oposto.

Será que aquela atracção que mais de noventa por cento da humanidade sentia, potenciada pelas feromonas largadas pelo sexo oposto, está a caminhar para o seu fim?

Tenho dúvidas.É por isso que falo dessas mulheres que emanam feminilidade ou homens que não perdem a sua masculinidade.Mesmo que não seja a via mais eficaz para a nossa sobrevivência, vai ser preciso mais do que estudos de probabilidades e métodos de reprodução mais saudáveis, para deitar por terra milhões de anos de histórias representadas no teatro do cortejamento.