Sunday, September 7, 2008

O Regresso está para breve...

-"Depois de algum tempo, a água corrente foi instalada no cemitério, para satisfação dos habitantes."

-"Esta nova terapia traz esperanças a todos aqueles que morrem de cancro a cada ano."

-"Os sete artistas em campo compõem um trio de talento."

-"A vítima foi estrangulada a golpes de facão."

-"Um surdo-mudo foi morto por um mal-entendido."

-"Os nossos leitores nos desculparão por este erro indesculpável."

-"Há muitos redactores que, para quem veio do nada, são muito fiéis às suas origens."

-"No corredor do hospital psiquiátrico, os doentes corriam como loucos."

-"Ela contraiu a doença na época em que ainda estava viva."

-"A conferência sobre a prisão de ventre foi seguida de um farto almoço."

-"O acidente provocou uma forte comoção em toda a região, onde o veículo era bem conhecido."

-"O aumento do desemprgo foi de 0% em Novembro."

-"O cabrito-montês ficou morto na estrada durante alguns instantes."

-"As circunstancias da morte do chefe de iluminação permanecem rigorosamente obscuras."

-"O presidente de honra é um jovem septuagenário de 81 anos."

-"À chegada da polícia, o cadáver encontrava-se rigorosamente imóvel."

-"Parece que ela foi morta pelo seu assassino."

-"Ferido no joelho, ele perdeu a cabeça."

-"Os antigos prisioneiros terão a alegria de se reencontrar para lembrar os anos de sofrimento."

-"A polícia e a justiça são duas mãos do mesmo braço."

-"O acidente fez um total de um morto e três desaparecidos. Teme-se que não haja vítimas."

-"O acidente foi no tristemente célebre Rectângulo das Bermudas."

-"Este ano, as festas do 4 de Setembro coincidem exactamente com a data de 4 de Setembro, que é a data exacta, pois o 4 de Setembro é um domingo."

-"Quatro hectares de trigo foram queimados. A princípio trata-se de um incêndio."

-"O velho reformado, antes de apertar o pescoço da sua mulher até à morte, suicidou-se."

-"E agora que as cheias terminaram, o melhor a fazer é recuperar o que não se perdeu."

Friday, February 1, 2008

Sobre a Remodulação do Governo

...vozes na rua...incerteza quanto à dimensão do descontentamento...eleições, já faltou menos...pressão dos dissidentes dentro do PS...receio de falta de controlo em votações finais do parlamento...Pateta Alegre faz-se notar...nova ministra foi sua apoiante para presidenciais...resta agora saber se o poeta será assim tão fácil de tourear...sobre o novo ministro da cultura...diferentes lobies, diferentes interesses...nada mais...adiante...

E assim a populaça torna-se cúmplice de uma injustiça, em vez de cúmplice da provocação de um maior diálogo e obtenção de um compromisso entre objectivos e reivindicações populares que, neste caso, se deveriam cingir ao caso de Elvas e outros que fossem também surrealistas.

Não só chama estúpidos aos potenciais eleitores que o manterão no poder em 2009 como obtem o que de menos construtivo se poderia tirar das manifestações na rua-a cedência perante a pressão popular e também, perante a pressão dos dissidentes dentro do PS, o que resultou na facada nas costas de um ministro que determinou a política que irá ser seguida pelo governo na mesma...

Voltámos ao tempo do coliseu de Roma.Só faltava largar o Correia de Campos na rua para o povinho aplaudir enquanto 3 pit bulls se atiravam à carcaça do ex-ministro, cujo tinha levado um golpe antes de ser largado à sorte...

Pois é, a democracia é um preço demasiado alto.

Wednesday, January 30, 2008

Sobre a Revolução de Abril e a nova constituição que se avizinhava...


"- Liberdade, que estais no céu…
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

- Liberdade, que estais na terra…
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.

- Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome."

escrito em 1975
por Miguel Torga

Magistral, na minha opinião, a simplicidade com que aqui são expressas as subtilezas e as armadilhas que foram proporcionadas pela revolução.
Infelizmente, em 1976, os nossos queridos e cobardes PS e PSD(não vale a pena falar da CDU e do fungágá da esquerdalhada) brindaram-nos com uma constituição pseudo-comunista e completamente desconexa com a realidade e necessidades do país, à conta do ambiente revolucionário e do medo de levarem um tiro à saída do parlamento.E desde aì que patinamos em revisões e dúvidas semânticas sobre os valores essenciais a concretizar para o futuro do país.Ninguém quer ter coragem de ser claro.Haja esperança na oitava revisão...

Friday, January 18, 2008

Momento

Com algumas alterações, acho que esta letra de Pedro Abrunhosa parece a descrição de um certa pessoa em quem se votou(e bem, apesar de tudo) por exclusão de hipóteses.A letra original está à direita:


Uma espécie de céu -------------------------------Uma espécie de céu
Um pedaço de mar --------------------------------Um pedaço de mar
Uma mão que deu---------------------------------Uma mão que doeu
Um dia a tirar-------------------------------------Um dia devagar
Um discurso perfeito------------------------------Um Domingo perfeito
Uma toalha no chão------------------------------- Uma toalha no chão
Um já está cansado--------------------------------Um caminho cansado
Um foge de avião----------------------------------Um traço de avião
Uma sombra se avizinha-------------------------- Uma sombra sozinha
Uma luz inquieta----------------------------------Uma luz inquieta
Um desvio na rua--------------------------------- Um desvio na rua
Uma voz de poeta--------------------------------- Uma voz de poeta
Uma ideia vazia----------------------------------- Uma garrafa vazia
Um partido apagado------------------------------ Um cinzeiro apagado
Um orçamento na esquina------------------------ Um hotel na esquina
Um sono acordado-------------------------------- Um sono acordado
Um constante adeus------------------------------ Um secreto adeus
Um café a ajudar---------------------------------- Um café a fechar
Um aviso na porta---------------------------------Um aviso na porta
Um cartaz no ar----------------------------------- Um bilhete no ar
Uma praça lotada----------------------------------Uma praça aberta
Uma manhã perdida-------------------------------Uma rua perdida
Uma noite esperada -------------------------------Uma noite encantada
Para sempre esquecida---------------------------- Para o resto da vida

(Refrão)
Pedes-me um voto-------------------------------- Pedes-me um momento
Agarras-te às palavras ----------------------------Agarras as palavras
Escondes-te no tempo----------------------------- Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas-------------------------- Porque o tempo tem asas
Levas a cidade------------------------------------- Levas a cidade
Soltas as promessas--------------------------------Solta me o cabelo
Perdes-te connosco-------------------------------- Perdes-te comigo
Porque o mundo é o momento--------------------- Porque o mundo é o momento
(repete)

Uma estrada infinita -------------------------------Uma estrada infinita
Um anuncio [nada] discreto ------------------------Um anuncio discreto
Uma vida fechada----------------------------------Uma curva fechada
Um coração deserto--------------------------------Um poema deserto
Um olhar distante--------------------------------- Uma cidade distante
Um país saturado --------------------------------- Um vestido molhado
Um tratado bovino --------------------------------Uma chuva divina
Um desejo de salvá-lo -----------------------------Um desejo apertado
Uma promessa esquecida ------------------------- Uma noite esquecida
Uma comissão qualquer--------------------------- Uma praia qualquer
Um riso escondido--------------------------------- Um suspiro escondido
Numa pele de cordeiro----------------------------- Numa pele de mulher
Um encontro em segredo---------------------------Um encontro em segredo
Uma assembleia ancorada--------------------------Uma duna ancorada
Vários corpos unidos -------------------------------Dois corpos despidos
Apoiados no nada ----------------------------------Abraçados no nada
Uma estrela decadente ---------------------------- Uma estrela cadente
Um olhar que se afasta -----------------------------Um olhar que se afasta
Um intenção escondida-----------------------------Um choro escondido
Quando uma mentira não basta--------------------Quando um beijo não basta
Um semáforo aberto -------------------------------Um semáforo aberto
Um adeus para quem sente ------------------------Um adeus para sempre
Uma ferida que dói--------------------------------- Uma ferida que dói
Não agora, para sempre --------------------------- Não por fora, por dentro

Wednesday, January 16, 2008

Monday, January 14, 2008

O sarcasmo e o Taoísmo de Lin Yutang

"A vida social só pode existir na base de uma certa dose de mentiras refinadas e de que ninguém diga exatamente o que pensa"

"Além da nobre arte de conseguir fazer as coisas, existe a nobre arte de deixar as coisas por fazer. A sabedoria da vida consiste na eliminação do que não é essencial"

"É certo que os fumadores causam alguns incómodos aos não-fumadores, mas tal incómodo é físico, ao passo que o incômodo que os não-fumadores causam aos fumadores é espiritual"

"Entre todos os direitos da mulher, nenhum é maior que o de ser mãe"

"No Ocidente, pensa-se muito em sexo e pouco nas mulheres"

"Se consegues viver uma tarde absolutamente inútil, de maneira absolutamente inútil, então sabes viver"

"A paz e a força são duas mulheres ciumentas que recusam-se sempre a ficar na mesma casa"

"O erudito é como o corvo que alimenta os seus filhotes vomitando o que comeu. O pensador é como o bicho da seda, que não nos dá folhas de amoreira, mas seda"

"Todos nós temos a ideia pervertida de que o cérebro humano é um órgão para pensar. Nada está mais longe da verdade"

"O homem está por assim dizer ensanduichado entre o céu e a terra, entre realismo e idealismo, entre elevados pensamentos e baixas paixões. Esta condição de sanduíche é a verdadeira essência da humanidade"

"No Ocidente, os dementes são tantos que são postos em asilos.Na China são tão poucos que nós veneremo-los"

"Em vez de nos apoiarmos na visão bíblica de que fomos criados à imagem e semelhança de Deus, tevemos vindo a chegar à conclusão de que fomos criados à imagem e semelhança do macaco"

"Um homem que têm de estar pontualmente, num certo local, às 5 da tarde, tem a tarde inteira desde a 1 até às 5, arruinada desde logo"

"Quando um espelho conhece uma mulher feia, quando uma pedra preciosa é descoberta por um homem banal, quando uma espada perfeita se encontra nas mãos de um general medíocre...não há nada a fazer"

"O que é o patriotismo, senão o gosto por uma comida que se comeu em criança?"

"Onde há muitos polícias, não pode haver liberdade.Onde há muitos soldados, não pode haver paz.Onde há muitos advogados, não pode haver justiça"

"Quando pequenos homens começam a provocar grandes sombras, significa que o Sol se está a pôr"

"O bom viajante é aquele que vaga sem saber para onde está a ir"

"O homem superior ama a sua alma.O homem inferior ama a sua propriedade"

"O máximo de poder é a iniciação da decadência"

"Há duas maneiras de difundir a luz.Ser a lâmpada que a emite ou o espelho que a reflete"

"Um homem educado é aquele que tem os amores e os ódios juntos"

"Se não podes viver uma vida bela, deves sonhá-la"

"A beleza da vida humana está em que, ao rever as nossas resolucões no fim do ano, descobrimos que cumprimos um terço, deixámos outro por cumprir, e não nos conseguimos lembrar em que é consistia o último"

Sunday, January 13, 2008

Saturday, January 12, 2008

Sobre a Morte

Desde que aprendi que éramos constituídos por partículas, que resolvi arrumar a questão da morte, imaginando que existe uma probabilidade não nula de tudo o que me constitui, incluindo a minha consciência e a alma(que talvez tenham base física) se volte a reunir um dia, uma vez que o prazo para tal acontecer é infinito.Mas o problema é que isso não resolve o facto de que aquilo que deu sentido à minha vida, as minhas memórias, se percam para sempre.E nesse caso para que quero viver depois da morte, sendo isso uma traição desejada a quem amo e preencheu a minha vida.Daria eu as minhas memórias a perder em troca de uma nova vida na qual seria como se as pessoas que amo agora nem existissem?Será possível eu amar alguém e querer a minha imortalidade ao mesmo tempo?Não seria demasiado conveniente se a natureza tivesse reservado para nós uma solução que incluisse viver para sempre e estar com quem se quisesse?
A única solução que encontro é esperar que nestes pulsares do universo, aconteça nalgum deles o meu reencontro com tudo o que tinha vivido na vida anterior, pois só nascendo com mesmo código genético e tendo as mesmas memórias poderia encontrar aquilo a que chamei de "minha vida" e da qual preciso para poder definir aquilo a que chamo de "mim próprio".

Mas eu posso estar neste preciso momento a viver uma reencarnação.Mas que diferença me faz viver mais uma vida se a minha alma não traz consigo a lembrança da anterior?

E mesmo que a vida de um homem seja um sonho tido por outro.Quando um acorda, o outro morre.E assim sucessivamente.
Quer tudo acabe, quer volte a viver, todas estas minhas questões dão-se na minha cabeça e são assistidas pela minha consciência de existir.Consciência essa que não irá conhecer outra vida senão esta.E estará sempre condenada a esta ironia de não escapar à morte, pois está fechada na minha vida.

O que interessa é que mesmo que eu reencarne, isso não resolve a minha verdadeira morte, mesmo que ela se repita infinitamente...

Friday, January 11, 2008

Do sacrifício ao conforto

Desde abraão até ao ipod passámos da humilhação para a arrogância injustificada e a reclamação de direitos que nos parecem óbvios mas que à 4000 anos eram anedotas para 99 por cento e uma experiência episódica para o 1 por cento restante.

Os judeus, que agora andam de cara virada para ao lado, deram o primeiro passo para a civilização que vingou.
A maioria das pessoas nascia, vivia e morria sem nada.E era uma honra poder servir causas, por mais sofrimento que trouxesse.
Hoje é preciso pedir a pés juntos que os adolescentes europeus e americanos pensem no resto do mundo e que aceitem propósitos exteriores a si mesmos.

Habituámo-nos a precisar de uma religião opressora para aceitarmos descer ao ponto de servir os outros e agora com o declínio da mesma olhamos para os nossos pais e dizemos "quem são voçês para mandarem em mim?".
Olhamos para o resto mundo(nós, digo, ocidentais) e vemos alternativas e opções.
Já não há espada e parede.Quando um pão cai na mesa, não corremos a ele.Não precisamos.Se nos subtemos a algo, podemos desistir.Temos outras opções...Aqueles que têm o conforto, mas se aplicam como se a miséria estivesse eminente, apenas fingem que estão no mesmo barco de quem realmente vive mal.Mas apenas buscam a sua segurança, mais afincadamente.O seu conforto.Lutam contra a sua culpa, demonstrando respeito por quem precisa mais ainda das oportunidades ali presenteadas...Tal como a regra de não deitar comida para o lixo...
  • "Não temos mais direito de consumir felicidade sem produzi-la, do que consumir riquezas sem produzi-las."
- George Bernard Shaw

Thursday, January 10, 2008

Últimas considerações sobre o Tabaco e outras drogas...

Não é uma questão de respeito à lei mas sim, respeito pelas outras pessoas.Não é preciso provocar cancro.Basta ser incomodativo, para o conceito de direito ter de surgir.

Mas a verdade é que todos nós estamos dependentes de uma série de coisas.Eu próprio tenhos os meus pulsares.Hà pessoas dependentes de coisas estúpidas ou de chamar a atenção.Hà muitas drogas por aí, umas comercializadas, outras não.

Mas quanto ao tabaco, compreendo, mais ou menos, as pessoas que se agarram a este placebo em forma de tique nervoso.Muita gente até benefecia desses tiques.Como eu, por estar a andar de um lado para o outro, poder pensar melhor ou ter alguma ideia nova...Até o facto de vir aqui escrever apesar de apenas 2 ou 3 pessoas(às vezes, nenhuma) virem ler o que escrevi, pode ser apenas uma alternativa que tenho para quando estou ansioso e preciso de fazer alguma coisa.Agora não me venham culpar se aparecer alguém a cobrar-me para eu poder fazer isso e que o torne tão viciante, que faz desta actividade um negócio de milhões que, por sua vez, atola a internet até ela ficar impraticável...

Wednesday, January 9, 2008

Outra Utopia

Seria engraçado se em vez do capitalismo de mercado como o nós conhecemos, as empresas competissem não para se destacar mas, meramente, para ganhar a licença do governo ou de um qualquer comité avaliador que só permitia um número restrito de empresas em cada área.Com os critérios certos, incluindo estética, na rua só havia disto...

Ferrari GTB Fiorano

Utopia vs sistema

"...Possuem apenas um número restrito de leis, pois, para um povo como os Utopianos, e com tais instituições, poucas leis são necessárias.Desaprovam principalmente nos outros povos o número interminável de leis e comentários sobre as mesmas e que esses povos consideram ainda insuficientes.Têm como suprema injustiça que se obrigue um homem a obedecer a leis que não consegue conhecer, pois são inúmeras e tão obscuras que ninguém as pode compreender com exactidão.Excluem ainda mais rigorosamente os advogados, procuradores e solicitadores, que manejam habilmente os processos e discutem astuciosamente as leis.
Pensam ser mais acertado que cada um defenda a sua própria causa e confesse directamente ao juiz o mesmo que contaria ao advogado.Deste modo haverá menos ambiguidade e a verdade descobrir-se-á mais facilmente, pois o juiz pesará e examinará com bom senso as razões de cada um, a quem nenhum advogado instruiu com impostura, defendendo os espíritos ingénuos e simples contra as calúnias maliciosas dos malabaristas de palavras(...)Na Utopia, no entanto, todos são advogados hábeis, pois é pequeno o número de leis que os regem e a sua interpretação mais simples e vulgar é considerada a mais justa(...) a intervenção cheia de subtilezas e habilidades é acessível a pouca gente e só esclarece um pequeno número, enquanto as leis formuladas com clareza e simplicidade são facilmente compreendidas por todos(...) leis estabelecidas sejam tão equívocas e confusas que só se consegue uma interpretação verdadeira depois de grande discussão e de longos estudos?E se para conseguir descobrir o seu significado não chega o entendimento simples do povo, nem a vida inteira dos que ocupam o seu tempo somente em ganhar o pão com o suor do seu rosto..."


Thomas More, in Utopia

Ele lá devia saber.Era advogado...

Tuesday, January 8, 2008

A paridade e outras leis estúpidas

Aborto, tabaco, adopção, RJIES, paridade...

O problema não está nas ideias em si.Nem sequer na utilidade das leis.O problema é que o nosso julgamento da viabilidade das mesmas já está à partida viciado pelo hábito de não esperar que o sistema seja inteligente.A descrença na cultura da lei e no entendimento geral da mesma afecta até Sócrates, que por sua vez, debita decisões, marimbando na adaptação dos portugueses e desprezando quem se põe entre si e a UE...


Despenalização do aborto?Claro.Desde que não seja feita à base de referendos não vinculativos e conversa "esquívoca"(fusão de esquiva com equívoca) com fim na passagem da batata-quente para o cidadão português...

Regulamentação das zonas de consumo de tabaco?-Óbvio, desde que seja feita com base no interesse dos cidadãos e não com base no interesse de empresas, governo e sua imagem.

Leis da adopção...ok, tem de se provar vocação, tem de ser difícil adoptar, mas que tal não ser impossível??E quanto à hipótese de adopção por parte de casais homossexuais, que tal pensar no assunto em termos de várias situações diferentes?Graus de parentesco(se as houver), circunstâncias financeiras, idade da criança, relações afectivas(se já as houver) entre a criança e oa casal candidato, historial da criança...Custa muito pensar na lei como algo que fornece soluções e alternativas à nossa vida em vez de servir para a impor limitações definitivas?Eu acho a necessidade de um casal homossexual adoptar uma criança algo potencialmente estúpido e caprichoso.Quer isso dizer que devo resolver o assunto, proibindo totalmente essa alternativa?Se o fizer é porque estou neste vício legislativo de complicar a vida ao cidadão comum e tentar facilitar a dos juízes(o que por mais que se tente, não se consegue).

RJIES...Reformas?Claro!-Mas não estas e não sem diálogo claro e concrecto sobre o assunto.Gostaria de ter uma palavra antes de serem abertas as portas há hipótese do conceito primordial de Universidade desaparecer...e das únicas coisas que restem sejam a entrega de diplomas(os tão desejados peixes-graúdos que tapam a vista a qualquer outro peixe que se possa pescar numa faculdade) e as mesas de matrecos...

E por fim...

Descriminação positiva?Venha ela.Mas uma lei mal-parida(daí, talvez, o nome de paridade) que parece ter sido concebida enquanto se defecava na companhia da leitura da Maria,(ou de um livro de Paulo Coelho-no caso de prisão de ventre) já dispenso. O nosso querido parlamento condenou o povo português a alimentar-se de lei de aborto ou de abortos de leis(às tantas já nem distingo).
Se fosse só estupidez.Se fossem só daqueles devaneios que ninguém sabe donde vieram.Mas não.São as nossas tentativas de acompanhar o resto do mundo...

No EUA existem directivas para tornar possível uma descriminação feita nas contratações de pessoas para empregos, que beneficia as mulheres e indivíduos de origem não-caucasiana que tenham as mesmas competências que os competidores directos(os homens caucasianos-essa ralé...).Apesar de incorrecto, tem uma dose de realismo, visto que ainda existe muito racismo e sexismo no seio da sociedade americana.E apesar de tudo, é um confronto entre pessoas de mérito equivalente...
Já em Portugal, o que se vê, é que pela qualidade das mais notórias representantes do belo sexo na política portuguesa ,(Odete, Felgueiras, Drago, Pires de Lima...) dir-se-ia que há mulheres a mais na política portuguesa...pensando mais um pouco, também à homens a mais...ora vejamos...há INCOMPETENTES a mais!...que tal mudar isso?Não.Vamos ser modernos.Se calhar é melhor lançar uma lei que deixa tudo na mesma, mas em compensação obriga a obedecer a requesitos que nada têm a ver com mérito, mas com aparência?

Digno de me curvar perante as mulheres portuguesas seria se se tivesse alastrado um movimento pelo país constituído por elas mesmas, rejeitando a tal lei por ser injusta e por não quererem conquistar o seu poleiro por via de favorecimentos injustificados.

Em vez disso, arrisco-me a um dia a passar na rua e ouvir uma mulher dizer ao telefone:"Ha vais-te inscrever na lista, afinal?Obrigado, amiga.Graças a Deus, já posso desistir.É que eles matavam-me se a nossa lista fosse rejeitada, só porque preciso de tempo para tomar conta do meu filho que acabou de nascer..."

Sunday, January 6, 2008

Sobre a lei do Tabaco e o Governo a correr atrás da Europa

"Os malefícios do Tabaco


A última coisa que apetece a um fumador pachola e contentinho, com quase meio século de cadastro e dois restinhos de pulmão ao seu dispor, é ver convertida em polémica filosófica e motivo de apaixonadas doutrinas a pequenina e mecânica pulsão de puxar por um rolinho de papel, entalá-lo entre os lábios e chegar-lhe um fósforo. Olhando para trás, não tenho o remorso do crime hediondo, premeditado a frio e na minúcia, com o tresloucado objectivo de extinguir os meus contemporâneos e de me apossar das riquezas do mundo, para meu mando e desmando. Não. Vejo mais um puto que foi ao café antes de tempo e que, por entre a curiosidade e a propensão para partilhar as liturgias conviviais, se foi habituando a meter lufadas de calor nas entranhas e a achar que, ao expeli-lo, os argumentos saíam muito mais inteligentes. E, afinal, o Hemingway fazia-o, o Albert Camus também e o Bogart, esse então, era inimaginável sem o cigarro na boca. Eu não via então no tabagismo uma vocação de raça ou tribo, princípio ou credo, confraria ou partido. E o mesmo sucedia com a maioria dos meus amigos, que o curso da vida iria levando a abdicar do cigarro (ou do charuto ou do cachimbo) ao ritmo dos sustos que a saúde lhes foi pregando. Retardatário, eu aguardo ainda o meu, numa qualquer esquina que bem pode ser a próxima. Mas ainda não me apeteceu empenhar as energias - que tudo na vida requer e para tudo na vida fazem falta - na abdicação de um pequeno prazer, mesmo que feito de mero hábito e auto-sugestão.

Sei que é um vício e gosto dele: como a personagem do Wilde, resisto a tudo menos à tentação. Não me imagino, por isto, herói nem mártir. Não me pinto vítima, nem resistente. Enuncio o mais rudimentar dos porque-sins da vida quotidiana, convencido, como sempre estive, de que é nela que a felicidade se joga. E sobre esta matéria, é o que tenho para dizer ao jovem médico que vi na televisão e que, de tão louro, imberbe e feroz no discurso sanitário de apuramento da raça, me fez evocar os netos das experiências do Dr. Mengele. E aos comissários europeus politicamente excedentários, que precisam de mostrar que o seu pelouro existe, para o que se dedicam a infernizar o nosso quotidiano com minúcias em papel timbrado e um puritanismo a que chamam rigor. E também aos deputados que deixaram a lei pendente de regulamentação, sem proclamar, preto no branco, que a mesma condicionava a aplicação do diploma (não porque tal fosse tecnicamente necessário, mas porque, como a experiência ensina e a prática deste início do ano comprova, era politicamente necessário). E ao Governo e todas as instâncias que objectivamente jogam com a falta de regulamentação para levar a incerteza e o medo dos comerciantes a instalar uma situação que não é a que a lei contempla e prevê.

Porque a questão que coloco é muito simples: o legislador tem de assumir a sua lei e as suas consequências. E se a lei suscita dúvidas de interpretação - talvez precisamente por não ter sido regulamentada, nos termos em que foi anunciado - não me interessam nada as interpretações da Direcção-Geral da Saúde ou da ASAE, entidades a que não compete nem uma interpretação autêntica nem a regulamentação da lei. Pelo que os seus facultativos contributos não valem mais do que o mérito técnico que tiverem - tal como as minhas e as de qualquer paisano, fumador ou não. Pois, para além da técnica, o que está aqui em jogo é uma dimensão de liberdade individual - e, dessa, ninguém sabe tanto como o indivíduo que é dela titular.

O inaceitável é a fuga às responsabilidades. É despejar o ónus de uma aplicação maximalista da lei sobre os atarantados donos de pequenos restaurantes que, querendo optar por fumadores ou apetrechar-se para áreas com e sem fumo, têm medo de o fazer segundo a sua própria leitura do diploma e virem depois a perder o investimento realizado. Isto é uma espécie de "por agora, isto é o maximalismo irlandês, mas o brando Portugal já aí vem" (com a regulamentação). Se a lei é a que foi votada, regulamente-se e cumpra-se "como nela se contém". Se é para endurecer, que volte ao Parlamento e dê a cara. Sob as leis de Atenas, não deve haver vida espartana."

Nuno Berderode Santos, jurista

In Jornal de Notícias Domingo, 6 de Janeiro de 2008

Thursday, January 3, 2008

Memories...

"Despesas feitas na campanha bateram todos os recordes

Campanha para eleições autárquicas envolveu mais dinheiro do que todas as eleições desde 1976.
Gastos previstos pelos partidos são dez vezes mais altos do que em 2001
.

A campanha para as eleições de domingo foi a mais cara de sempre. Envolveu, aliás, mais dinheiro do que a soma de todas as campanhas feitas desde 1976. O apoio do Estado às máquinas partidárias também atingiu um recorde de 54,6 milhões de euros (quase metade do total), pelo que cada português contribui com 5,5 euros.

Segundo os orçamentos de campanha partidários, estas autárquicas deverão custar 118 milhões de euros. Dez vezes mais que as de 2001 e mais 23% do que o valor dispendido em campanhas desde que há eleições democráticas. A contribuição do Estado - na forma de subvenção paga pelo Parlamento - corresponde a quase metade (46%) do total.

As mudanças introduzidas em 2003 à Lei do Financiamento dos Partidos - em vigor desde Janeiro - ajudam a explicar estes valores. Em pleno "período da tanga", o Parlamento legislou no sentido de permitir aos partidos triplicar as despesas possíveis em campanhas, abrindo a porta, em simultâneo, a que o Estado também multiplicasse por três o apoio concedido.


"Despesa gigantesca"

Para Manuel Meirinho Martins, docente do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, este "gigantismo de despesa" é "incompreensível" face ao estado das contas públicas.

"Numa altura em que se apela ao apertar do cinto, ninguém entende que se gaste tanto e que o Estado pague quase metade", afirma, lamentando que estes fundos sirvam para alimentar o "puro espectáculo" em que se tornaram as campanhas. Prova disso é que, com tanto dinheiro, os partidos até colocaram cartazes em zonas onde sabem bem que não vão chegar ao poder.

A forma como a lei está feita, denuncia o académico, abre caminho à "compra do voto e do poder", impedindo que o debate político seja "mais mobilizador" para o cidadão.

Na prática, explica Meirinho Martins, os partidos - que desde 2000 não podem receber dinheiro de privados para as campanhas - precisam de "conquistar cada vez mais votos" para poderem receber cada vez mais do Estado.

Ao abrigo da lei de 2003, o Estado financia os partidos por duas vias anualmente, entrega-lhes uma subvenção proporcional aos resultados das legislativas (cada voto, quatro euros); depois, liberta um apoio para as campanhas (150% das despesas possíveis, que dependem da dimensão demográfica do concelho) que também é função sobretudo da proporção dos votos.

"As campanhas tornaram-se um negócio para os partidos", denuncia Meirinho, para quem o financiamento partidário é "uma das maiores mentiras políticas em Portugal". Apesar de haver mais investimento público nos partidos e nas campanhas, afirma, o sistema não melhorou. "Há mais informação? Maior participação?", questiona, arriscando uma resposta "Estamos a afectar mais recursos públicos para ter um efeito negativo". O CDS foi o partido que mais se aproveitou das mudanças da lei, estimando gastar agora 50 vezes mais do que em 2001. Já o PS e a CDU destacam-se por preverem gastar "apenas" o quintuplo de há quatro anos.

No "campeonato" dos apoios do Estado, a Esquerda ganha, com o Bloco e a CDU a receberem dos cofres públicos cerca de 70% do que prevêem gastar. À Direita, o PSD conta com apenas 27,4% do total e o CDS/PP com 21,2%.

Também os independentes têm direito a ajuda do Estado. Isaltino Morais recebe 60 mil euros (num total de 223 mil de gastos), cabendo a Valentim Loureiro 140 mil euros (em 335 mil). Ferreira Torres fica de fora, por não ter uma lista candidata em simultâneo à câmara e assembleia municipal. As contas de Fátima Felgueiras não são conhecidas."


in Jornal de Notícias de sexta-feira, 7 de Outubro de 2005

Para ter uma ideia de comparação de valores (não só numéricos, como aparentemente, morais) fui consultar o orçamento de estado consolidado para 2008 e para o ministério da saúde encontrei os seguintes dados que passo a citar:

"...A despesa de funcionamento normal financiada por receitas gerais prevista para o subsector Estado, excluindo o SNS, totaliza 68,8 milhões de euros..."

No quadro da despesa total consolidada é possível verificar também que o financiamento total para "investimentos do plano" corresponde a 43,2 milhões de euros.

Ainda aparecem alguma justificações referentes a acréscimos de alguns milhões de euros em relação à estimativa feita em 2007.Não se preocupem.Para ser grave tinham de competir com os orçamentos das campanhas...118 milhões no total...

Isto para não investigar o dinheiro que foi gasto na realidade.Nomeadamente pelo PS, que aparece com valores sempre estranhamente modestos, comparando com o alarido que consegue fazer nos meio dos outros partidos, que anunciam maiores orçamentos.O que só pode ser explicado pela protecção existente por reprografias e empresas que vendem serviços a preço da chuva.

Wednesday, January 2, 2008

É preciso fazer alguma coisa!

Para que serve este teatro e esta fachada democrática?Cliquem nesta entrevista.Para que é que isto serve?Para a JS dizer que existe?Os termos inocuidade, inutilidade e conversa fiada dizem-vos alguma coisa?

É impossível haver um debate assertivo entre pessoas que no caso de não estarem preocupadas em não se prejudicar umas às outras, provocam cisões...

Para que os partidos continuem unidos, os debates têm de ser algo como "o nosso partido é fixe"-"não é nada, é tótil"-"vá meninos, não se zanguem"...

Chega deste teatro!

É preciso fazer sombra aos partidos!

É preciso descredibilizar os partidos!

É preciso fazer as ideias valerem mais que eles!

Chamar informáticos, físicos, biólogos, filósofos...ao poder!

É preciso acabar com a destino fatal de se precisar de pertencer a um partido!

É preciso acabar com os clubes partidários!

Com as tradições!

Com os historiais partidários!

Com os orgulhos partidários!

Precisamos recuperar o valor do ser humano!Dos indivíduos!

Aqueles que se fazem valer sozinhos numa assembleia!

Que são aplaudidos, não pelo seu partido, mas por qualquer pessoa no parlamento!

É preciso acabar com a elite treinada para lidar com o "povo"!

Chega de desculpas para a elite!Chega de desculpas para o povo!

Acabaram-se os homens para queimar!Todos somos responsáveis!Quem não achar que é, que esteja calado!

É preciso parar o investimento que se faz nos partidos!

É preciso acabar com a didatura do marketing partidário!

É preciso acabar com a barreira dos partidos!

Com o cerco dos partidos!

Com o vício dos partidos!

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E foi mais ou menos assim...depois acordei e fui estudar para os exames.