Tuesday, January 8, 2008

A paridade e outras leis estúpidas

Aborto, tabaco, adopção, RJIES, paridade...

O problema não está nas ideias em si.Nem sequer na utilidade das leis.O problema é que o nosso julgamento da viabilidade das mesmas já está à partida viciado pelo hábito de não esperar que o sistema seja inteligente.A descrença na cultura da lei e no entendimento geral da mesma afecta até Sócrates, que por sua vez, debita decisões, marimbando na adaptação dos portugueses e desprezando quem se põe entre si e a UE...


Despenalização do aborto?Claro.Desde que não seja feita à base de referendos não vinculativos e conversa "esquívoca"(fusão de esquiva com equívoca) com fim na passagem da batata-quente para o cidadão português...

Regulamentação das zonas de consumo de tabaco?-Óbvio, desde que seja feita com base no interesse dos cidadãos e não com base no interesse de empresas, governo e sua imagem.

Leis da adopção...ok, tem de se provar vocação, tem de ser difícil adoptar, mas que tal não ser impossível??E quanto à hipótese de adopção por parte de casais homossexuais, que tal pensar no assunto em termos de várias situações diferentes?Graus de parentesco(se as houver), circunstâncias financeiras, idade da criança, relações afectivas(se já as houver) entre a criança e oa casal candidato, historial da criança...Custa muito pensar na lei como algo que fornece soluções e alternativas à nossa vida em vez de servir para a impor limitações definitivas?Eu acho a necessidade de um casal homossexual adoptar uma criança algo potencialmente estúpido e caprichoso.Quer isso dizer que devo resolver o assunto, proibindo totalmente essa alternativa?Se o fizer é porque estou neste vício legislativo de complicar a vida ao cidadão comum e tentar facilitar a dos juízes(o que por mais que se tente, não se consegue).

RJIES...Reformas?Claro!-Mas não estas e não sem diálogo claro e concrecto sobre o assunto.Gostaria de ter uma palavra antes de serem abertas as portas há hipótese do conceito primordial de Universidade desaparecer...e das únicas coisas que restem sejam a entrega de diplomas(os tão desejados peixes-graúdos que tapam a vista a qualquer outro peixe que se possa pescar numa faculdade) e as mesas de matrecos...

E por fim...

Descriminação positiva?Venha ela.Mas uma lei mal-parida(daí, talvez, o nome de paridade) que parece ter sido concebida enquanto se defecava na companhia da leitura da Maria,(ou de um livro de Paulo Coelho-no caso de prisão de ventre) já dispenso. O nosso querido parlamento condenou o povo português a alimentar-se de lei de aborto ou de abortos de leis(às tantas já nem distingo).
Se fosse só estupidez.Se fossem só daqueles devaneios que ninguém sabe donde vieram.Mas não.São as nossas tentativas de acompanhar o resto do mundo...

No EUA existem directivas para tornar possível uma descriminação feita nas contratações de pessoas para empregos, que beneficia as mulheres e indivíduos de origem não-caucasiana que tenham as mesmas competências que os competidores directos(os homens caucasianos-essa ralé...).Apesar de incorrecto, tem uma dose de realismo, visto que ainda existe muito racismo e sexismo no seio da sociedade americana.E apesar de tudo, é um confronto entre pessoas de mérito equivalente...
Já em Portugal, o que se vê, é que pela qualidade das mais notórias representantes do belo sexo na política portuguesa ,(Odete, Felgueiras, Drago, Pires de Lima...) dir-se-ia que há mulheres a mais na política portuguesa...pensando mais um pouco, também à homens a mais...ora vejamos...há INCOMPETENTES a mais!...que tal mudar isso?Não.Vamos ser modernos.Se calhar é melhor lançar uma lei que deixa tudo na mesma, mas em compensação obriga a obedecer a requesitos que nada têm a ver com mérito, mas com aparência?

Digno de me curvar perante as mulheres portuguesas seria se se tivesse alastrado um movimento pelo país constituído por elas mesmas, rejeitando a tal lei por ser injusta e por não quererem conquistar o seu poleiro por via de favorecimentos injustificados.

Em vez disso, arrisco-me a um dia a passar na rua e ouvir uma mulher dizer ao telefone:"Ha vais-te inscrever na lista, afinal?Obrigado, amiga.Graças a Deus, já posso desistir.É que eles matavam-me se a nossa lista fosse rejeitada, só porque preciso de tempo para tomar conta do meu filho que acabou de nascer..."

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