Sunday, March 4, 2007

Sexo e Violência

Todos nós somos violentos, uns mais, outros menos.Todos desejamos sexo, uns mais, outros menos.Todos ansiamos por conflito e competição, uns mais, outros menos.Depois, há também a medida em que o aceitamos ou não.
Existem algumas conversas de protocolo em que se usa a premissa "hojes os filmes usam muito o sexo e a violência" admitindo à partida que isso é mau e não se questionando mais acerca desse assunto.Mas na verdade, acho que é um erro considerar que tal premissa acusa algum perigo real, necessário e inquestionável à mente das pessoas, porque não foi preciso haver filmes de guerra ou filmes pornográficos para que na História se cometessem atrocidadades e orgias.Muitas vezes, pelo contrário, a repressão de certos assuntos, como a necessidade de sexo e de violência, provocou catástrofes,pois levou a que certas pessoas,ao se sentirem atingidas por certos impulsos(que a sua educação e consciência não aprovavam) entrassem em pânico e não soubessem gerir as suas emoções.Dizer que o ser humano não tem, naturalmente, impulsos violentos é retirar mais de metade da História conhecida da Humanidade e, simultaneamente, acreditar no pai natal.
Acho que se deve evitar partir para a discussão, tendo já uma crença que o ser humano é bom ou a desconfiança que é mau.Acho que é mais rentável tentar, pura e simplesmente, descobrir como ele é e aceitá-lo, para melhor gerir e lidar com isso.
Quero dizer com isto que todos precisamos de expandir o corpo e a mente.Não sendo isso bom nem mau, mas sim uma necessidade apenas(da qual se pode ou não, obter prazer), assim como ir à casa-de-banho evacuar não é um assunto que se discuta muito em termos de ser bom ou mau, mas apenas em termos de precisar de ser feito.
Depois, existem aplicações que se podem fazer dessa necessidade de expansão, com as quais os pais de cada um lidam.A meu ver, existem duas formas de abordagem desse assunto:

1-tentar conhecer o seu filho e as suas vontades e não o forçar a mudar
2-definir à partida o que é melhor para ele e ganhar esperanças em relação a isso

Obviamente, defendo a primeira, com os devidos limites, pois há coisas que os pais têm de definir para os filhos sem lhes perguntar e também haverá sempre coisas nesses filhos que os pais não devem sentir-se obrigados a aceitar.
Acho que o mais importante é não construir um mundo de falsas esperanças e objectivos deturpados e anti-naturais na cabeça das crianças, para mais tarde essas mesmas, ao crescerem e se começarem a desiludir com o fim dos contos-de-fadas, não reajam por ressabiamento, ficando ás vezes, com mais necessidade de sexo e violência do que naturalmente, já tinham.

1 comment:

Anonymous said...

Ora aqui estão dois temas que fazem o mundo girar. A minha imediata reacção após a primeira leitura foi desde logo, encontrar as semelhanças que unem tanto o sexo como a violência. Nessa medida, reflecti um pouco e logo me deparei com as seguintes constatações: não será o amor uma forma de violência? E não será a violência uma forma de "amor"?
Não quero lançar trocadilhos, uma vez que não são eles que nos levarão a alguma conclusão mas, pelo menos, baseando-me na tese e na antítese que todos nós transportamos, deviamos pensar melhor sobre estas duas possibilidades.
Senão vejamos: o Homem, ser emocional e impulsivo, contém natural e geneticamente, formas de libertação dessas ditas características. Se por um lado o sexo é a expressão da vontade de amar, para procriar, ou pelo prazer na revelação de sentimentos, então de facto há uma função que se deve salvaguardar. A transmissão genética da espécie, através da selecção natural ( feita segundo os critérios de cada um) é um imperativo para a continuidade da espécie. Dotado da razão que o destaca dos restantes animais, com semelhante propósito, pode ser usada essa vontade básica, mas sem prosseguir a função que a encobre. É aí que surge o sexo. Várias abordagens e interpretações filosóficas, religiosas e sociais explicam e justificam essa conduta, exercendo dessse modo premissas de repressão ou libertinagem, como forma de aceitar qualquer que seja a abordagem escolhida. Parece-nos então pacífica a afirmação de que se trata , na prática, de uma questão pura e simplesmente, de saúde pública e consciência.
No outro extremo (ou talvez não) encontra-se um outro instinto básico, o da sobrevivência. Luta pelo alimento que nos mantém vivos e fortes para assegurar de que dispomos de formas de ultrapassar as arbitrariedades que nos esperam. No início esse era o principal sentimento que movia os nossos primatas a recorrer à violência contra os seus semelhantes e animais, para salvaguardar a vida dos seus descendentes. Não só pela comida, ou pelo clima, se verificaram esses impulsos, mas sobretudo pela descarga de energia que diariamente temos de nos livrar. Admite-se pois aqui a ligação com a conservação da espécie de que falámos.
Ora bem, o problema hoje é fazer a ponte, EQUILIBRADAMENTE, entre aquilo que são os nossos impulsos básicos e aquilo que é fruto da nossa manipulação racional. Será o sexo a violência do Amor? E será a Guerra o amor pelo conlfito?
Importa sobretudo reflectir se a vontade ingénua dos desejos é ou não condicionada pelo crivo dos valores e princípios que nos tornam Humanos, racionais e (hoje) civilizados. Sem tropelos e sem enganos, simplesmente com frontalidade.