Wednesday, December 12, 2007

Unidos na perdição...

Pensando mais um pouco sobre como Portugal consegue passar de potência mundial para um cagalhoto retrógado com medo de republicanos descontrolados, passando ainda por um séc XIX onde "alguém" deixou o país à mercê de franceses que vieram dizimá-lo e saqueá-lo(ainda por cima, deixaram descendência-isto é o que dói mais...), obrigando o país inteiro a reunir tudo o que tinha para os expulsar e, como se isto somado ao terramoto não bastasse, ainda passar por uma disputa de poder que ia deixando o país feito em cacos.Depois desta ainda nos pusémos com ideias anti-clericais e de seguida, republicanas à mistura com imperialistas, entretanto, uma guerrazinha mundial como pretexto...

Em suma, sempre à porrada até ao golpe de estado de 1926 que até 1934 se tratou de "limpar" outros milhares de vidas de revolucionários, anarquistas e sindicalistas....e cá estamos, bem ao estilo português...como sair, agora, de 40 anos de estagnação e pausa nas guerras e na instabilidade(pausa essa obtida através de medo e hipocrisia governamental)?

Mais um golpe de estado!!Que é para baralhar o esquema ainda mais...

Não gostamos de didatura pois não?Então siga mudar tudo!!!
Sorte tiveram os espanhóis que, como é habitual, seguiram os nosso passos e tomaram decisões baseados nas nossas iniciativas.Portanto, viram a !"#$% que isto deu e decidiram ser mais prudentes na renovação da constituição e na instauração do novo regime...

Nos últimos 200 anos não tivemos um político que realmente resolvesse uma situação...os espanhóis tiveram o Juan Carlos...bastou.

Tivémos o Marquês de Pombal, o qual não necessita de nenhuma lista de méritos.D.Maria( que era louca e tinha pesadelos com távoras queimados) destituiu-o e com isto terminou a nossa era.Temos o início da nossa "viradeira"...
Hoje, continuamos a viver num país onde o talento jorra por todos os cantos, potencialidades anunciam-se, nomes revelam-se no estrangeiro, valor...confirma-se...no entanto não mudámos ainda o facto de sermos um país que ganhou a tradição de fazer mal a si próprio.Porque quando falo nestes tais últimos duzentos anos, que se iniciam com as invasões francesas, não devemos esquecer que foi um português, o filho da maluca, D.João VI(uma regência-emenda quase pior que um reinado-soneto), que deixou este país ao deus-dará...depois coube ao povo ficar rancoroso com a anterior debandada da família real e o seu comportamento no Brasil.Surgem miguelistas pelo povo adentro...Porque foi aquele parvo do D.Pedro tirar-nos o Brasil?-deviam pensar-e esses burgueses do Porto, sempre com francesices, já não nos chega expulsar os franceses daqui, agora querem uma constituição liberal...querem é que o Estado não lhes lixe os negócios...

E vamos então ao confronto:

Um(D.Miguel) assumia-se conservador e absolutista e outro fazia-se liberalista e libertador da tirania(D.Pedro) .Um fazia-se vingador do povo ferido e outro impressionava os burgueses, os intelectuais e os estrangeiros.Um mandava uma constituição justa e democratizante pela sanita abaixo e outro invadia Portugal para o tornar palco de sangria durante 6 anos.
Na minha opinião...ambos déspotas de primeira apanha...

Fomos nós que fizémos isto a nós próprios.É a nós todos que nos devemos culpar e a nós que nos devemos entender.

Nós, este povo com pavor da autoridade, individualista e ao mesmo tempo universal.Que cria ideias, jorra iniciativas e depois não desfruta delas ou não as leva até ao fim.Porque aparece sempre mais um que tem outra opinião e a democracia transforma-se numa competição de talentos potenciais de todos os tipos, excepto aqueles que interessam ao conjunto de pessoas que da acção social e política dependem...Porquê?Porquê este aparente masoquismo?

Num país tão pequeno...tanta divergência quando é preciso avançar.Mas ao mesmo tempo, tanta concordância quando alguém propõe parar ou adiar?

A forma como as elites e o jet-set se venderam e "nos" venderam ao estrangeiro.A forma como aceitaram influências culturais do estrangeiro, a forma como a iliteracia se manteve-E como ela poderia explicar tão bem tudo isto que se passou...mas isso não basta, continuo:

Porquê?

Talvez, numa visão mais sádica, não se tenha morto gente suficiente ao longo destes dois séculos.Talvez com uma guerra como a querra civil americana ficássemos tão traumatizados que só parávamos de trabalhar quando isto atinasse...
Ou então, se calhar, o povo português, devido ao facto acima mencionado, o de ser anti-autoridade, simplesmente acaba por também não ser um povo muito solidário e cooperativo no que toca a iniciativas políticas.No meio de toda a sua generosidade criativa o português é também egoísta, egocêntrico e concentrado em olhar para o seu umbigo e para o seu futuro frustrado em vez de querer ter um plano geral do país.Dentro de toda a tradição que vale a pena manter, há partes que seria bom tentar destruir ou perder o orgulho em possuir, que é o exemplo desta xico-espertice, que afecta os portugueses em geral, de pensar na política em termos de "a mim é que eles não me enganam" e procurar uma união para além da futebolística.Será muito reaccionário propor que se pense neste país em vez de em si próprio, de vez em quando?

Eu não peço sequer um crescimento económico que nos ponha no topo da UE.Eu não peço um nível de vida acima da média da UE.Não peço sequer nada ao governo.Apenas peço que deixemos de ser este povo desligado.Não é preciso que se cante o hino nacional em cada esquina.É preciso apenas que voltemos a ser um País.

2 comments:

Anonymous said...

Pertinente a refelxão que nos coloca, nestes dias de forçada alegria e solidadriedade em que a religião (porque essa é a origem) nos provoca o espirito. Todos se sentem compelidos a tratar o próximo com confiança e disponibilidade, o pior é quando a festa termina, cai a máscara revela-se o actor...

Passam-se as festas e o constante desdém e maldizer prosseguem o seu curso.

Somos de facto um povo recheado de virtudes e competências que deram "novos mundo ao mundo", mas que se extinguiram ainda não sabemos bem a partir de que momento. Esgotaram-se? Perderam-se? Extinguiram-se? Ou será que apenas estão adormecidas...?

Ao contrário da tendência instalada, que faz da perguiça e da estagnação as suas novas armas, os portugueses não deixaram de ser unidos, pelo menos no sofrimento e na falta de ambição.

Somos talvez o país dos coitadinhos, como diria o meu pai.
Um país em que o povo, para além de se desculpar com pretextos que o excluam as suas responsabilidades - qualquer uma delas - ainda encontram fundamentos e artimanhas capazes e sérias para conseguir mais um subsídio.

Não queremos pagar impostos, não queremos cumprir a lei, não queremos ter uma autoridade que esteja sempre a limitar a nossa actuação, é sempre um novo desafio enganá-la...somos tudo isto e muito mais.

O pior é que este potencial está a meu ver mal canalizado. Tratamos de assuntos e lidamos com problemas complexos de uma forma leviana, não nos dando crédito o isso.

Encontramos na permanente forma de lidar com o outro e com as situações do quotidiano uma resposta digna de um inimigo e não de um concidadão igualzinho a nós.

Parece-me que este "modus vivendi" asssentou numa espécie de egoismo negativo e não produtivo. A começar na escola e dentro de cada familia, a competitividade e comparação, são usadas de modo redutor do ser e não aperfeiçoador.

A competição pelas ideias e pelo talento é no sentido comparativo e nao inovador, é quase anti-científico. Nao acrescenta nada, contrai e reprime as pessoas.

Daí que sujam depois essas atitudes egocêntricas e negativas. Têm assento na falta de respeito pelo outro e suas capacidades.A diferença não une, separa e afasta, cria recalcamentos.

Do modo como foi referida a capacidade de liderança política no nosso país, penso que o problema do povo não está no seu "lider" mas antes nos seus propósitos.

O exercício da democracia também pode ser palco de ensaios manipulados pelo povo, ainda na esteira desse seu pulsar, como referi.

Isso pode ser atestado com exemplos como a Expo98 em que a primeira reacção nao foi de agrado e confiança. Nada disso, houve de tudo, até impuganções judiciais que pretendiam boicotar essa projecção mundial, pouco desejada talvez...

No final, depois da experiência, invertem-se as posições e redefinem-se atitudes. A célebre frase portuguesa " eu no fundo até sabia que ia ser assim porém, nao quis arriscar..." . O que é isto senão um pessimismo invejoso e conservador de uma iniciativa que não partiu de mim e portanto não pode merecer a minha aprovação...

Como dizia um Padre meu amigo " é mais fácil solidarizarmo-nos com o sofrimento do que com a felicidade". Esta frase cabe como uma luva em muitos milhares de portugueses.

Analizadas as situações, e ainda na sequência do anterior post, parece-me que reduzindo tudo isto que dissemos à questão da felicidade e da sua constante busca, somos forçados a concluir que o medo da partilha da felicidade existe por receio da sua perda. Ou seja, se no sofrimento o outro não acrescenta mais a si próprio, logo não me pode fazer "sombra" então na felicidade eu não posso permitir que ele ma retire porque me deixará susceptivel e fraco.

Pode parecer muito cru e frio mas a verdade é que um povo infeliz tem medo da pouca felicidade ou alegria que sente, e por esse motivo conserva-a só para si a todo o custo.

A meu ver a felicidade repartida multiplica-se com a sua divisão.

Sendo a felicidade a base de todos os seres, consciente ou inconscientemente, para ela todos caminhamos com muita pressa, por vezes sem ética nem moralidade.

Mas a final que destino nos espera: o do laxismo e desdém centralizado no meu umbigo ou aquele em que todos podemos contribuir para a honrsr a nossa história e voltar as nossas origens?

Honramos a cidadania portuguesa ou o facto de sermos um povo portucalense?

garibaldov said...

Se calhar o problema não começa nas invasões francesas...se calhar nós estávamos bem era se os romanos não tivessem cá posto os pés...