Tuesday, December 18, 2007

Um abraço a Hernâni Carvalho

Este homem interrompe os outros convidados de um programa televisivo, este homem é às vezes, mal-educado.Por vezes, usa uma linguagem que parece faltar ao respeito às instituições e fala como se mais ninguém soubesse das injustiças no país.Dirige-se aos ouvintes de uma forma simplista e fala de conceitos vagos como "liberdade" e de coisas que parece que não vale a pena perder tempo a procurar...ele aparece, fala e não foge...

Faltam homens assim em Portugal...

"Aqueles miúdos não dão votos

por Hernâni Carvalho

Os jovens internados nos centro educativos não são prioritários porque não dão votos.

Os centros educativos têm um nome sonante e é tudo. Não educam, não preparam, apenas adiam. Maioria das vezes, os jovens ali internados chegam à maioridade e são detidos.

Chegados aos 18 anos, saem das pautas dos miseráveis resultados do Instituto de Reinserção Social (IRS) e entram nas prisões.

Os centros deveriam educar, reinserir e preparar para a cidadania. É uma lenga lenga que está na Lei e que é usada em inúmeros, mas inúteis, seminários pagos pelo contribuinte, que ocorrem pomposamente pelo país. São seminários dados por e para funcionários públicos. Ocorrem em horário de expediente, são pagos por todos nós, mas têm resultados nulos.

Os menores que cometem crimes são julgados pelos tribunais de Família e Menores que, em função da gravidade do delito, da personalidade do jovem delinquente e do contexto em que o crime é praticado, decretam uma medida de internamento num centro educativo.

Por cada rapaz internado num centro educativo há dois funcionários. Isto nos números. Porque no terreno há ainda menos gente. O IRS terá funcionários suficientes, mas muito mal distribuidos. O escândalo é tal que ficaria muito mais barato interná-los em qualquer colégio europeu de primeira categoria.
É só fazer contas. Cada jovem internado custa em média 6000 euros ao Estado Português. Se fosse internado em Eaton (um dos mais caros e elegantes colégios britânicos) custaria 4000 euros e saía de lá a tocar piano, a falar francês, a saber esgrima e a andar a cavalo. Os nossos saem dos centros educativos para as prisões.
Custa mas é verdade! Há excepções. Claro. Mal de nós. Mas a regra é esta. É só consultar os números. Porque é que isto não muda?

Porque os jovens internados nos centro educativos não são prioritários. Não têm visibilidade, a maioria deles são de origem humilde, blá blá blá... Diga-se o que se disser, a verdade é outra:
Aqueles miúdos não dão votos!"

Vejam aqui outro texto de Hernâni Carvalho

Wednesday, December 12, 2007

Unidos na perdição...

Pensando mais um pouco sobre como Portugal consegue passar de potência mundial para um cagalhoto retrógado com medo de republicanos descontrolados, passando ainda por um séc XIX onde "alguém" deixou o país à mercê de franceses que vieram dizimá-lo e saqueá-lo(ainda por cima, deixaram descendência-isto é o que dói mais...), obrigando o país inteiro a reunir tudo o que tinha para os expulsar e, como se isto somado ao terramoto não bastasse, ainda passar por uma disputa de poder que ia deixando o país feito em cacos.Depois desta ainda nos pusémos com ideias anti-clericais e de seguida, republicanas à mistura com imperialistas, entretanto, uma guerrazinha mundial como pretexto...

Em suma, sempre à porrada até ao golpe de estado de 1926 que até 1934 se tratou de "limpar" outros milhares de vidas de revolucionários, anarquistas e sindicalistas....e cá estamos, bem ao estilo português...como sair, agora, de 40 anos de estagnação e pausa nas guerras e na instabilidade(pausa essa obtida através de medo e hipocrisia governamental)?

Mais um golpe de estado!!Que é para baralhar o esquema ainda mais...

Não gostamos de didatura pois não?Então siga mudar tudo!!!
Sorte tiveram os espanhóis que, como é habitual, seguiram os nosso passos e tomaram decisões baseados nas nossas iniciativas.Portanto, viram a !"#$% que isto deu e decidiram ser mais prudentes na renovação da constituição e na instauração do novo regime...

Nos últimos 200 anos não tivemos um político que realmente resolvesse uma situação...os espanhóis tiveram o Juan Carlos...bastou.

Tivémos o Marquês de Pombal, o qual não necessita de nenhuma lista de méritos.D.Maria( que era louca e tinha pesadelos com távoras queimados) destituiu-o e com isto terminou a nossa era.Temos o início da nossa "viradeira"...
Hoje, continuamos a viver num país onde o talento jorra por todos os cantos, potencialidades anunciam-se, nomes revelam-se no estrangeiro, valor...confirma-se...no entanto não mudámos ainda o facto de sermos um país que ganhou a tradição de fazer mal a si próprio.Porque quando falo nestes tais últimos duzentos anos, que se iniciam com as invasões francesas, não devemos esquecer que foi um português, o filho da maluca, D.João VI(uma regência-emenda quase pior que um reinado-soneto), que deixou este país ao deus-dará...depois coube ao povo ficar rancoroso com a anterior debandada da família real e o seu comportamento no Brasil.Surgem miguelistas pelo povo adentro...Porque foi aquele parvo do D.Pedro tirar-nos o Brasil?-deviam pensar-e esses burgueses do Porto, sempre com francesices, já não nos chega expulsar os franceses daqui, agora querem uma constituição liberal...querem é que o Estado não lhes lixe os negócios...

E vamos então ao confronto:

Um(D.Miguel) assumia-se conservador e absolutista e outro fazia-se liberalista e libertador da tirania(D.Pedro) .Um fazia-se vingador do povo ferido e outro impressionava os burgueses, os intelectuais e os estrangeiros.Um mandava uma constituição justa e democratizante pela sanita abaixo e outro invadia Portugal para o tornar palco de sangria durante 6 anos.
Na minha opinião...ambos déspotas de primeira apanha...

Fomos nós que fizémos isto a nós próprios.É a nós todos que nos devemos culpar e a nós que nos devemos entender.

Nós, este povo com pavor da autoridade, individualista e ao mesmo tempo universal.Que cria ideias, jorra iniciativas e depois não desfruta delas ou não as leva até ao fim.Porque aparece sempre mais um que tem outra opinião e a democracia transforma-se numa competição de talentos potenciais de todos os tipos, excepto aqueles que interessam ao conjunto de pessoas que da acção social e política dependem...Porquê?Porquê este aparente masoquismo?

Num país tão pequeno...tanta divergência quando é preciso avançar.Mas ao mesmo tempo, tanta concordância quando alguém propõe parar ou adiar?

A forma como as elites e o jet-set se venderam e "nos" venderam ao estrangeiro.A forma como aceitaram influências culturais do estrangeiro, a forma como a iliteracia se manteve-E como ela poderia explicar tão bem tudo isto que se passou...mas isso não basta, continuo:

Porquê?

Talvez, numa visão mais sádica, não se tenha morto gente suficiente ao longo destes dois séculos.Talvez com uma guerra como a querra civil americana ficássemos tão traumatizados que só parávamos de trabalhar quando isto atinasse...
Ou então, se calhar, o povo português, devido ao facto acima mencionado, o de ser anti-autoridade, simplesmente acaba por também não ser um povo muito solidário e cooperativo no que toca a iniciativas políticas.No meio de toda a sua generosidade criativa o português é também egoísta, egocêntrico e concentrado em olhar para o seu umbigo e para o seu futuro frustrado em vez de querer ter um plano geral do país.Dentro de toda a tradição que vale a pena manter, há partes que seria bom tentar destruir ou perder o orgulho em possuir, que é o exemplo desta xico-espertice, que afecta os portugueses em geral, de pensar na política em termos de "a mim é que eles não me enganam" e procurar uma união para além da futebolística.Será muito reaccionário propor que se pense neste país em vez de em si próprio, de vez em quando?

Eu não peço sequer um crescimento económico que nos ponha no topo da UE.Eu não peço um nível de vida acima da média da UE.Não peço sequer nada ao governo.Apenas peço que deixemos de ser este povo desligado.Não é preciso que se cante o hino nacional em cada esquina.É preciso apenas que voltemos a ser um País.