Sunday, April 22, 2007

Cínico vs Hipócrita

Ao analisarmos as várias atitudes perante a vida que se podem tomar, é possível verificar a existência de duas que embora pareçam ligadas, estão a meu ver, em confltio constante ao longo da História.São essas as duas que ponho no título deste post.

O conceito de cinismo é fundado na Grécia, por um discípulo de Sócrates(o filósofo,não o engenheiro), Antístenes. O cínicos gregos propunham a procura das conquistas interiores, em deterimento das exteriores.E propunham esta atitude, não por meio de discursos, mas através do seu modo de vida que era levado com poucas posses(apenas o necessário), não preocupados em demasia com a aparência e a saúde física, mas com as virtudes morais.
O conceito de cinismo ganhou ao longo dos tempos uma conotação mais negativa, querendo também aplicar-se a pessoas que assumem uma postura um pouco satírica e ridicularizante da defesa dos valores da sociedade, não contribuindo para que estes sejam respeitados e até aproveitando-se desse desrespeito(o que deixa, apesar disso, em aberto, a possibilidade desse indivíduo manter guardada para si, alguma espécie de moral).
Já o conceito de hipocrisia, nasce por meio da constatação da existência de indivíduos que pregam certas crenças e ideais, não as praticando ou praticando mesmo o oposto.

Sendo discutíveis os conceitos de realidade, verdade, certo e errado, bem e mal...era inevitável o aparecimento de pessoas que adoptassem atitudes que levassem em conta essas subjectividades ou até mesmo, incoerências...

Posto isto temos duas visões cépticas perante os valores, uma exposta e outra encoberta:


Para o cínico, a superfície dos ideais(ou seja-aquilo que o ideal prega)é apenas folclore e não acreditando nessa superfície
, deixa-se afundar nos eternos "porquês" que, embora ingénuos, são honestos.O hipócrita vive NA superfície dos ideais, salvando assim a sua consciência do conflito com o fundo das questões.O hipócrita é assim, mais prudente, pois consegue deste modo viver sem angústias morais nem dúvidas, sem nunca lidar consigo mesmo quando procede mal e sem nunca entender o que está por trás dos ideais que assume.

Ambos são descrentes no sentido da vida, mas o cínico assume a sua descrença primordial, não tendo medo de ir ao fundo dos ideais, pondo-os assim em causa e tentando buscar, com risco de se desiludir, uma motivação real para as suas acções.O hipócrita descarta-se desse confronto interior ao aceitar, sem hesitação, qualquer tipo de crença, e fazendo-a sua aliada, para que esta não se ponha no seu caminho rumo ao seu conforto e sensação de segurança.

No caso do cínico, o objectivo não é fazer amigos nem dar impressões populares ou agradáveis mas ser duro com a verdade, para que possa tratá-la o mais realisticamente que conseguir(um pouco ao estilo do Dr House).
No caso do hipócrita, o objectivo é gerência das impressões exteriores para não lidar com os factos(um pouco ao estilo de certos políticos ).

O cínico finge-se despreocupado , para que ele próprio possa chegar a si mesmo e aos outros, sem ajuda da sua fachada.Para que possa,sem se sentir forçado a isso, descobrir se existe algo digno de ser acreditado.
O hipócrita finge-se preocupado com os valores, para que possa beneficiar da sua fachada, não sofrendo com as implicações que envolveriam as suas crenças, se fossem reais.

Nesta crise e questionamento de valores em que vivemos, gostaria que o veredicto desta Guerra que identifico, beneficiasse os cínicos e estes fossem os Guerreiros do Futuro, e não os hipócritas , graças aos quais, certos valores são mal construídos e aprendidos ao longo da História.

Sunday, April 15, 2007

República das bananas

Antes de mais e completamente a despropósito, o Nuno Gomes é estúpido...mas adiante, na última semana, tivemos a prazer de assistir à confirmação de que a república das bananas chama-se de facto, Portugal.A dedicação e competência com que os senhores jornalistas da televisão do serviço público e o engenheiro(lol) José Sócrates se entregaram ao apuramento dos factos relativos ao seu percurso académico, foi tão ridícula que acho que nem uma pessoa em Portugal levou tal assunto a sério,excepto alguns deputados que tentando salvar a imagem dos políticos portugueses em geral, deram um tom sério à suas declarações , afirmando que não ficou provado que tenha havido algum favorecimento(o que é , de facto, verdade).
Mas o mais grave em tudo isto é que um assunto que não parecia ter importância para a vida política e para o futuro de Portugal(por mim, Sócrates até podia ser varredor de ruas) ganhou importância quando o primeiro-ministro deixou que lhe empurrassem à parede, não lhe restando outra solução senão defender-se com unhas e dentes para provar a legitimidade do seu título de engenheiro (como se fosse com isso que o eleitorado português estivesse preocupado)cujo nem está reconhecido pela respectiva Ordem.
Ao insistir em defender-se e usar argumentos dúbios como mostrar um papel que confirma a sua obtenção de um MBA em resposta a uma reclamação dos jornalistas de uma confirmação de uma licenciatura legítima, que equivale a responder as horas, quando lhe perguntam o dia, Sócrates deixou mais acesa a hipótese de se ter embrulhado numa confusão por uma mera atitude de novo-riquismo pequeno-burguês de quem quer ter títulos e reconhecimento.

Se até o primeiro-ministro perdeu tempo com um assunto que tão pouco diz respeito ao futuro do país, que raio de motivações terão os vários deputados que se sentam no parlamento regularmente e muito se recusam a conciliar esforços e procurar soluções que unam a assembleia?Seria hipócrita justificarem-se no peso ideológico de cada partido, pois as ideias de cada partido assentam na sua necessidade de sobrevivência e não de coerência...

Bem sei que há muito mais vida além do parlamento.Mas será que o que se passa nesse local não é, no fundo, um confronto de ideias e soluções, mas sim, um confronto de egos?Cujo choque se manisfesta em divergências, aparecendo as justificações à posteriori?

Parece haver uma atitude pouco científica e distanciada de si mesmo, por parte do político português em geral e é essa fachada que ele tem de manter para gerir a sua impressão no público que faz dele alguém que potencialmente põe a eficiência em segundo lugar.(isto para não falar da única coisa que é certa em ser político-dá dinheiro). Contribuindo-se assim para que a definição mais aproximada de um político seja apenas a de alguém com poder sobre outros e sem mais requisitos necessários.Ou apenas, um "admnistrador público com interesses particulares".

Sunday, April 8, 2007

"Não julgueis para não serdes julgados" J.C.

Ao nascermos, penso que nasce connosco a noção daquilo que, como seres humanos, temos de direitos inquestionáveis. Como seres humanos, temos o direito á escolha, ao pensamento e á comunicação livre, á vida , etc... Penso que estas noções são intuitivas e pessoais, para cada prespectiva do mundo cada conjunto de direitos.
O sentimento de justiça, surge quando existe uma incoerencia entre aqueles que são os direitos que pensamos serem nossos, e a realidade. Daí as prespectivas de justiça numa mesma situação variarem.
A sociedade em que nos inserimos, define por si só, os direitos do indivíduo, independentemente de quais são aqueles que cada indivíduo intui serem os seus. Só existem dois sistemas que permitem a liberdade total de direitos intuitivos a um ser: a ditadura, no caso do seu ditador, e a anarquia.
Na sociedade em que eu me insiro, existem direitos que são definidos á priori, como direitos de cada um dos constituintes... Esses direitos (neste caso) teem como limite, os direitos dos outros constituintes. Portanto, não somos completamente livres (se o homicídio fôr o meu "hobbie" tou com azar...).
Para regular estes direitos, foi criada a Lei. A lei é uma racionalização das incoerencias entre os direitos que são intuitivos e aqueles que são impostos pela sociedade, com o objectivo de manter uma justiça própria da sociedade. Essa justiça trata apenas da preservação dos direitos de cada constituinte, aqueles impostos pela sociedade.
Como racionalização, a Lei não pode prever todas as situações, portanto, essas leis teem de se aplicar à realidade. Essa aplicação é feita num tribunal, onde cada individuo explica a sua prespectiva do acontecimento, e um Juiz é encarregado de decidir onde reside a justiça.

Ao ver a série Lei e Ordem, verifiquei uma inconsistencia: A fé na Lei é absurda! A Lei é uma criação humana baseada em pressupostos intuitivos, que variam de pessoa para pessoa. Ou seja é falível. Daí a existência de um Juiz. Mas estes Juizes (que necessitavam ser bastante mais divinos que humanos) não são mais do que estudantes e amantes da Lei! Não da Justiça!
Um juiz tem de verificar se a Justiça se aplica. Não se a Lei se aplica!
A Lei serve para regular, não para decidir!
Constantemente verifico a existencia de leis absurdas, mas essa realidade é prevista e normal... A lei é falível...

Ou seja: Lei não pode constrangir o Juiz. Ele deve ser todo poderoso.
O que cria um novo problema... Quem poderá ser juiz?...................
....................................................................................Ninguem.


Portanto até convencido do contrário, andarei de mota sem capacete.